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O Baile dos 41: Em 1901, gays foram presos no México por puro preconceito
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O Baile dos 41: Em 1901, gays foram presos no México por puro preconceito

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Aventuras Na História
05/06/2021 13h00
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Na madrugada de 17 de novembro de 1901, homens festejavam no centro da Cidade do México. Eram 42 moços, e metade deles estava vestindo roupas que seriam consideradas femininas. Mas mais que isso, muitos deles faziam parte da alta sociedade da época.

Onde hoje está o Centro Histórico da cidade mexicana, estava a festa. Na rua de La Paz, um policial escutou a algazarra vindo de uma das casas. Quando percebeu que eram casais de homens, o oficial chamou reforços para que eles fossem presos

Como relata o O Globo, as matérias publicadas nos jornais logo após o escândalo são algumas das poucas fontes usadas por historiadores para entender o episódio. Às 3 horas da manhã, 41 dos que estavam no baile foram presos. 

Como conta-se popularmente no México, o único que teria fugido, mesmo estando presente no baile, foi Ignacio de la Torre y Mier, genro do presidente da época, Porfirio Díaz. Todo o restante acabou na detenção.

 

Divulgação do filme 'El baile de los 41' (2020), que narra o episódio / Crédito: Divulgação/Netflix

 

O advogado Juan Carlos Harris, que investigou o caso e contou detalhes em entrevista à BBC News Mundo, relembra um ponto importante na história, que pode ter passado batido até aqui: a homossexualidade não era crime no México. Nem naquela época, nem nunca.

"Não havia motivo para prendê-los. Legalmente, a homossexualidade como tal nunca foi proibida no México”, afirmou o pesquisador. Na verdade, o que se consolidou como ilegal foi a prisão desses homens, não a homossexualidade em si.

Mas isso não incomodou os policiais, que logo colocaram os indivíduos atrás das grades, mas não antes de uma humilhação, que também pode ser considerada uma prática ilegal, já que não está prevista em lei.

Depois de terem sido agrupados, os oficiais obrigaram os homens a varrerem inúmeras ruas da Cidade do México com as roupas usadas durante o baile. Roupas femininas que estavam sendo arrastadas no chão a partir de um puro abuso de autoridade.

O fato de muitos dos que participaram da festa serem membros da elite da época fez com que alguns fossem liberados horas depois da prisão. Para Juan Carlos Harris, é provável que eles tenham usado seus recursos financeiros para comprar a liberdade com propina.

Ainda que este tenha sido o caso de muitos, não era o de todos eles. Os que não eram da elite continuaram presos até serem sujeitos a um outro tipo de punição: foram obrigados a entrar no Exército do país e a lutarem na Guerra das Castas.

"Foi uma espécie de banimento, e a única forma que eles encontram de fazer isso foi colocando eles no Exército", opinou o pesquisador. 

O alistamento forçado foi o caso de sete deles. Com dados do Supremo Tribunal de Justiça (SCJN), o advogado conseguiu identificar seus nomes: Pascual Barrón, Felipe Martínez, Joaquín Moreno, Alejandro Pérez, Raúl Sevilla, Juan B. Sandoval e Jesús Solórzano.

Mas não foi possível fazer mais que a identificação dos nomes. Não se sabe o que aconteceu com esses indivíduos, embora Harris aponte que seja muito possível que eles tenham morrido durante as batalhas.

O ‘El baile de los 41 maricones’ (O baile das 41 maricas, em tradução livre) se transformou em um escândalo gigante no México da época, principalmente por contar com membros de sua alta sociedade. 

 

Ilustração da época sobre a polêmica / Crédito: Divulgação/Museo José Guadalupe Posad

As humilhações continuaram ao longo dos dias, não vindo mais apenas dos policiais que os prenderam. Os jornais também continuaram relatando o caso, mas em tom de piada. A letra de uma música que debochava dos homens foi publicada ao lado de tiras cômicas. 

Ainda que a festa que terminou em prisão tenha acontecido há 120 anos, seus impactos ainda persistem na sociedade mexicana. Até hoje, o número 41 continua sendo associado à homossexualidade, por ser o número de homens que foram presos naquela noite de 1901 puramente devido à homofobia. 


 

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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