O homem que se arrependeu de ir a uma 'festa da Covid' em 2020
Aventuras Na História
Você já ouviu falar em 'festas da covid'? O termo pode parecer bizarro, mas eventos para disseminação da doença realmente existem. Trata-se do reflexo do grande negacionismo existente em diversas regiões do mundo.
De acordo com a médica Jane Appleby, diretora médica do Hospital Metodista de San Antonio, no Estado do Texas, as festas são organizadas por alguém que tenha sido diagnosticado com o vírus. Assim, o objetivo é que as pessoas descubram se o vírus é real ou não.
Conforme relatou a BBC em 2020, esses eventos poderiam ser comparados às "festas da catapora", comuns até a década de 1990, quando ainda não havia vacina para a doença. Muitos pais levavam seus filhos para essas reuniões porque acreditavam que a catapora se manifestaria de maneira mais leve em crianças. Desta maneira, se pegassem logo o vírus, não correriam riscos mais tarde.
O homem arrependido
A doutora Appleby abordou, em julho de 2020, acerca do caso de um homem de 30 anos que teria se arrependido de ter participado de um evento como esse.
Segundo ela, o rapaz, que não teve a identidade revelada, se arrependeu de sua ação quando se viu em um hospital. "Acho que cometi um erro", foram algumas das últimas palavras pronunciadas por ele aos enfermeiros.
Em um depoimento em vídeo, a médica relatou que o americano afirmou ter participado de uma festa de covid. Conforme afirmou a diretora do hospital, o paciente disse aos enfermeiros que, antes de pegar a doença, acreditava que a covid-19 era uma farsa.
"Este é apenas um exemplo de uma morte potencialmente evitável de um jovem membro de nossa comunidade. Nem posso imaginar a perda para a família", afirmou Jane Appleby.
Festas de covid
Apesar do governo americano não ter confirmado oficialmente a existência de eventos com objetivo de disseminar a doença, muitos profissionais da saúde alertaram antes de Jane sobre o problema das festas de covid
Um mês antes de a médica ter comunicado o caso, autoridades do Alabama afirmaram que estudantes universitários estariam realizando eventos desse tipo e até mesmo chegando a realizar apostas em dinheiro. Quem acertasse qual pessoa do grupo pegaria o vírus primeiro venceria.
O risco das aglomerações
A médica, assim como as demais autoridades, ressalta que a organização de festas em meio à pandemia é um enorme problema e que é preciso evitar ao máximo as aglomerações.
"O que aprendemos é que esse vírus não discrimina, e nenhum de nós é invencível", afirmou a médica. Appleby declarou ainda no ano passado que muitos jovens entre 20 e 30 anos chegavam ao hospital com covid-19 e tinham de permanecer por um tempo. Alguns logo eram liberados, mas outros necessitavam de cuidados maiores, como no caso do homem que morreu.
"Não quero ser alarmista. Estamos apenas tentando compartilhar alguns exemplos do mundo real para ajudar nossa comunidade a perceber que esse vírus é sério e se espalha facilmente", finalizou.