Salário em ‘bebidas, jogos e mulheres’: O turbulento começo de carreira de Jackie Chan
Aventuras Na História
O filme Operação Dragão (1973), protagonizado por Bruce Lee, foi o estopim para uma série de produções que contaram com as artes marciais como protagonista no Ocidente. Além de ter sido o pontapé para o gênero cinematográfico, o longa-metragem também marca o início da carreira de Jackie Chan deste lado do planeta.
O homem que viria a se tornar o lendário ator dos filmes de artes marciais havia sido escalado para ser um dos figurantes do longa de Robert Clouse. Era apenas o começo: ainda que já fizesse sucesso na China, a jornada de Chan no Ocidente teve uma guinada ascendente nos anos 1990.
Enquanto, no cinema, o nome do ator ficava cada vez mais conhecido e requisitado, a vida pessoal de Jackie parecia estar no caminho contrário. Os comportamentos do artista mostravam egoísmo e falta de maturidade, mas não eram uma novidade porque, mesmo antes da fama, ele já teve problemas de conduta e em relacionamentos.
Vida de dublê
No começo da carreira no Ocidente, Chan aceitava os papéis que lhe davam: essencialmente os de dublê. Os trabalhos faziam com que ele desenvolvesse um modo de vida que não se prenderia apenas ao início da jornada de Jackie no cinema, mas também teria vestígios no futuro de sua vida pessoal.
“Todos nós sabíamos que, se algo desse errado, não viveríamos para ver o sol nascer no dia seguinte. Tínhamos uma mentalidade de curto prazo, o que significa gastar nosso dinheiro de forma imprudente”, escreveu o ator em ‘Never Grow Up’, que teve trechos repercutidos pelo jornal britânico Daily Mail no seu lançamento.
Quando as coisas começaram a melhorar e os frutos do trabalho duro nas artes marciais começaram a mostrar seus frutos, o dinheiro passou a ser a maior companhia do astro. Ele contou que começou a “carregar grandes quantias de dinheiro o tempo todo”. “Depois de viver na pobreza, o dinheiro dá uma sensação de segurança”, confessou.
Além de levar notas e mais notas consigo, a maior parte dos seus primeiros salários como ator foi destinada a “bebidas, jogos e mulheres”. Os excessos, que estavam presentes em uma rotina regada a jogos de azar e prostitutas, resultaram em abusos alcoólicos e uma mentalidade de overdose.
Ele também confessou que “dirigia bêbado o tempo todo". "De manhã, eu batia meu Porsche e, à noite, já estava com um Mercedes-Benz. Eu ficava o dia inteiro nesse estado de neblina”, escreveu o astro, que relatou que ameaçou fotógrafos que tentassem registrar fotos dos carros batidos.
Fora das telonas
Os relacionamentos de Chan nunca foram muito prósperos, especialmente pelo modo ríspido com que ele tratava as mulheres com quem namorou. Com Joan Lin, o comportamento não foi diferente, embora os dois estejam casados desde 1982.
Na primeira gravidez de Lin, o ator relatou que passou todo o tempo trabalhando em seus filmes e que não a visitou nenhuma vez. Ele também acreditava que a mulher só tinha interesse em seu dinheiro e que tinha engravidado de propósito. Assim, Jackie "constantemente” pensava “em maneiras de esconder meu dinheiro dela", o que ele classificou mais tarde como “perverso”.
Fora o comportamento grosseiro, Chan também confessou no livro que traiu a esposa com Taiwan Elaine Ng, ex-Miss Ásia e a atriz, devido ao pensamento narcisista. Com ela, o ator teve Etta Ng, sua filha de 21 anos com quem tem um relacionamento conturbado desde que Etta se casou com sua namorada canadense.
Além da filha, o histórico do relacionamento do astro com seu primeiro filho, Jaycee Chan, de 38 anos, também é intrincado. Quando Jaycee tinha apenas dois anos, Jackie teve uma crise de raiva que foi descontada na criança de maneira irresponsável.
"Eu o peguei com uma mão e o arremessei do outro lado da sala. Ele bateu no sofá. Com a força que usei, se ele tivesse batido as costas ou os braços, poderia ter sido muito sério", lembrou. Ele também disse que se arrependeu “imediatamente”, olhando para o espelho e confessando: “Eu sou um total idiota”.
Embora os erros cometidos por Jackie Chan tenham sido enumerados e escritos no livro que funcionou como um confessionário, o ator não escreveu sobre o relacionamento com a filha. Etta Ng revelou em 2018 que o pai não aceitava sua sexualidade e relacionamento, o que fez com que ela ficasse desabrigada.