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Segredos na neve: George Murray, o homem que desvendou a depravada vida sexual dos pinguins
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Segredos na neve: George Murray, o homem que desvendou a depravada vida sexual dos pinguins

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Aventuras Na História
07/09/2021 11h00
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Apaixonado por zoologia, o pesquisador e cirurgião naval George Murray Levick sempre viu os mistérios da natureza como um grande objeto de estudo. Por isso, inclusive, o britânico dedicou centenas de horas de sua vida para projetos em expedições arriscadas.

Uma dessas viagens iria mudar sua vida para sempre, além de quase morrer, o homem também fez uma descoberta, no mínimo, curiosa sobre o comportamento sexual dos pinguins, porém, essas revelações só foram expostas para o mundo 50 anos mais tarde.

Expedição Terra Nova

Tudo começou quando George recebeu uma autorização para acompanhar o explorador oficial da Marinha Robert Falcon Scott, como cirurgião e zoólogo em uma missão chamada de Expedição Terra Nova.

A viagem marcou uma importante exploração no território da Antártica entre 1911 e 1913. Levick fotografou tudo o que viu durante todo o percurso no Cabo Adare, no meio de uma colônia de pinguins-de-adélia.

A jornada foi bastante conturbada para a tripulação, o líder da viagem Scott, acabou falecendo devido às condições precárias. Além do capitão, outros quatro tripulantes também não resistiram. Levick e outros cinco companheiros conseguiram sobreviver.

Nesse itinerário difícil, George pareceu não se abalar e anotou em seu diário a descoberta insólita que fez sobre os pinguins locais, já que ele havia passado um bom tempo observando os animais.

Fotografia de George Murray Levick / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

 

Os pinguins-de-adélia

No verão antártico, o pesquisador pôde averiguar de perto como funcionava o sistema de reprodução dos bichos. Levick anotou em seu caderno relatos de casos pedofilia e acasalamento entre animais da mesma espécie, quando não existe intuito de procriação.

Porém, o fato que chocou de verdade o explorador foi a necrofilia: ele assistiu de perto a cúpula de pinguins machos com fêmeas já mortas. Como consequência, Murray ficou horrorizado com as descobertas, e por isso, registrou a vivência em grego, como tentativa de evitar que muitas pessoas tivessem acesso a estas informações. Ele também tinha medo da reação das pessoas da época, que poderia duvidar da pesquisa.

Quando regressou à Londres, em 1913, o explorador escreveu tudo o que tinha presenciado na fatídica expedição, mas dessa vez em inglês. Murray intitulou seu trabalho como 'Natural History of the Adélie Penguin'.

Pinguins fotografados por George Murray / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

 

Por muitos anos, as páginas desse diário permaneceram fechadas, até o Museu de História Natural de Londres resgatá-lo em 2013, revelando para o mundo essas descobertas chocantes.

Em suas anotações, o zoologista definiu os pinguins-de-adélia como baderneiros. Segundo ele, os jovens machos agiam de maneira extremamente depravada e hostil, praticando abusos sexuais e físicos nas fêmeas da espécie.

“Grupos de baderneiros de meia dezena de indivíduos, ou mais, e vagam perto dos refúgios incomodando os ocupantes com seus reiterados atos de depravação”, escreveu George Murray durante a experiência.

George Murray Levick e outros membros da expedição / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

 

Tempos atuais

Atualmente alguns pesquisadores acreditam que o homem tenha cometido exageros em suas anotações, principalmente quando o assunto é a necrofilia, levantando a hipótese de que talvez os machos não conseguissem distinguir a fêmea, ou, animais mortos.

Para Douglas Russell, curador do Museu de História Natural de Londres, e que redescobriu o artigo de Levick, esses atos dos pinguins, que causaram tanto estranhamento no explorador no século 20, teriam acontecido devido às condições climáticas da Antártica.

Russell argumenta dizendo que os pinguins-de-adélia têm pouco tempo para completar o ciclo de reprodução. “Os jovens adultos simplesmente não têm nenhuma experiência sobre como se comportar e podem usar pistas erradas”, afirmou o curador.

Até hoje, George é o único cientista que estudou de perto o ciclo reprodutivo dessa espécie na Antártica. Sua morte ocorreu em 1956 e o pesquisador deixou um grande legado histórico sobre expedições na Antártica.


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