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Só foi exposto 129 anos depois: L'Origine du monde, o mais polêmico quadro da história da arte
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Só foi exposto 129 anos depois: L'Origine du monde, o mais polêmico quadro da história da arte

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Aventuras Na História
04/07/2021 08h00
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Em 1866, o diplomata turco-otomano Khalil-Bey pediu para que o pintor francês Gustave Coubert fizesse um quadro pare ele adicionar em sua coleção. Segundo explica o site do Musée d’Orsay, Khalil possuía um acervo singular dedicada à celebração do corpo feminino. 

Dessa maneira, Coubert idealizou ‘L'Origine du monde’, que mostra a vulva e o torso de uma mulher deitada nua em uma cama, com as coxas separadas e emoldurada de forma que nada possa ser visto acima dos seios. 

De mão em mão 

Três anos depois, o diplomata acabou fazendo inúmeras dívidas por conta de seu vício em jogo. Dessa maneira, segundo o Clube de Cinema de Caen, Khalil vendeu 68 de suas pinturas em um leilão. Mas L'Origine du monde não estava incluída nessa parcela. O quadro, então, é levado por ele para Constantinopla, onde foi ministro do governo. 

Quando voltou para Paris, em 1877, Bey acabou vendendo o quadro para o antiquário de Antoine La Narde. Se hoje L'Origine du monde já causa certa polêmica nos mais conservadores, naquela época as coisas eram ainda piores. Devido a isso, o novo dono do quadro acabou escondendo-o na parte de trás de outra pintura de Coubert: 'O Château de Blonay', onde permaneceu por alguns anos.  

Quase esquecido da história, o Musée d’Orsay explica que o próximo paradeiro do quadro só foi conhecido em 1912, quando ele passou a pertencer à coleção de Émile Vial. No ano seguinte, a pintura foi comprada pelo colecionador húngaro Mór Lipót Herzog; que o vendeu ao seu compatriota, o Barão François de Hatvany, logo em seguida.

Nessa época, em março de 1944, a Hungria é invadida pela Alemanha nazista e isso faz com que Hatvany guarde a obra nos cofres de um banco. Judeu, ele tinha medo que o Exército Vermelho tente roubar seu quadro, pratica que era comum contra outros judeus. 

O receio é justificado no início de 1945, quando os russos invadiram o país. Dessa forma, os comandados de Hitler saquiaram os bancos e levaram dezenas de objetos de valor, o que inclui o L'Origine du monde. 

Uma década depois, a pintura acabou entrando no acervo do psicanalista francês Jacques Lacan. Por anos, o psicanalista repetiu o ato de La Narde e escondeu o quadro no fundo de outra pintura.

A obra só caiu no conhecimento popular em 1995, quando o Ministério da Economia e Finanças aceita que os direitos de herança da família sejam liquidados com a doação da obra ao Musée d'Orsay, onde ela permanece até hoje. Assim, L'Origine du monde é exposto publicamente pela primeira vez na sua existência naquele ano. 

A musa inspiradora de Gustave 

Além da polêmica óbvia encima da 'obscenidade' da obra, outro ponto gerou inúmeras discussões sobre a criação de Coubert: afinal, quem é a mulher que serviu de inspiração para o quadro? 

Durante anos, especulpu-se que a musa de Gustave era Joanna Hiffernan, amante do pintor, segundo aponta a AFP. Porém, seu tom de pele e a cor do seu cabelo não condiziam com a mulher retratada.

Há também quem dissesse que a figura era Jeanne de Tourbey, amante de Khalil. Mas a possibilidade também foi descartada por ela ser uma mulher de muito destaque na sociedade para servir como modelo. 

Mas, em 2018, Claude Schopp alegou ter revelado o segredo com a publicação do livro "L'origine du monde, vie du modèle". Segundo afirma, a mulher trata-se de Constance Quéniaux, que era bailarina da Ópera de Paris. 

Tudo começou por acaso, explica a AFP, quando Schopp analisou a troca de cartas entre os escritores Alexandre Dumas Filho e George Sand — contemporâneos de Coubert. Em uma das missivas, datada de julho de 1871, Dumas escreve: Não se pode pintar com o pincel mais delicado e sonoro a entrevista da Senhorita Queniault da Ópera", disse em referência ao quadro. 

"A entrevista? Isso não queria dizer nada", disse Claude à AFP. Assim, ao confrontar o manuscrito original, conservado na Biblioteca Nacional da França (BnF), descobriu que houve uma confusão entre duas palavras parecidas: interview e intérieur (que significam, respectivamente, entrevista e interior). 

"Foi como uma iluminação. Normalmente, preciso trabalhar muito para fazer uma descoberta, desta vez foi sem procurar, foi injusto”, declarou. O achado também foi celebrado por Sylvie Aubenas, diretora do departamento de fotografia da BnF. "Este testemunho de época descoberto por Claude me permite dizer que temos 99% de certeza de que a modelo de Courbet foi Constance Quéniaux".


Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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