20 anos depois: afinal, o que era a 'múmia extraterrestre' do Chile?
Aventuras Na História
20 anos atrás, em 2003, um estranho e pequeno esqueleto foi encontrado no deserto do Atacama, no Chile. As explicações do que seria aquilo variavam desde a hipótese de ser uma bebê recém-nascida, ou talvez uma criança muito pequena. Outros, porém, acreditavam mergulharam nas teorias conspiratórias e alegaram que o esqueleto de 13 centímetros era alienígena.
O esqueleto foi chamado de Ata e teve seu genoma destrinchado cinco anos atrás. Nesse estudo genético, os especialistas deixaram claro: essa descoberta não tem nada a ver com alienígenas. Na verdade, uma história triste se esconde por trás do curioso esqueleto.
A múmia de Ata foi encontrada em uma mina na aldeia chilena de La Noria pelo morador da região Oscar Muñoz, mas depois passou para uma coleção particular na Espanha. Ela foi um ser humano, não um alienígena, mas era tratada como um objeto fascinante e bizarro que era legal de se ter.
O que é
O esqueleto tem o tamanho aproximado de um feto humano. Porém, algumas das primeiras análises que foram realizadas com ele sugeriram que aquilo se tratava do corpo de uma criança de seis a oito anos, por causa de sua estrutura óssea desenvolvida. No entanto, testes de DNA mais recentes foram realizados em 2018, e revelaram que o esqueleto pertenceu a uma menina recém-nascida que morreu logo ao nascer ou até antes do parto.
Segundo o G1, o teste de DNA esclareceu as anormalidades do esqueleto, como o tamanho dos ossos, a quantidade menor de costelas (o número comum é de 12 pares de costelas, enquanto Ata só tinha 10) e a cabeça em formato levemente cônico, explicando que essas características são consequências de diversas mutações genéticas que essa bebê recém-nascida tinha.
Os especialistas descobriram nesse estudo de 2018, conduzido por especialistas como Carlos Bustamante, que a bebê recém-nascida tinha mutações relacionadas com nanismo, escoliose e diversas anormalidades nos músculos e no esqueleto.
Especialistas analisando e examinando a múmia Ata - Reprodução/Vídeo
Mutações genéticas
Mesmo sendo uma recém-nascida, os ossos de Ata eram maduros como o de alguém muito mais velho. A estrutura óssea se assemelha à de uma criança de seis a oito anos de idade, e os ossos se desenvolveram dessa maneira pelas mutações que carregavam.
Infelizmente, os ossos maduros não ajudaram a bebê a sobreviver por muito tempo. O professor Garry Nolan, da Universidade de Stanford, conforme repercutido pela BBC em 2018, disse que, por causa das malformações da garota, seria impossível alimentá-la. Se ela nascesse hoje, iria direto para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).
Segundo o estudo de 2018, publicado na revista científica Genome Research, a bebê Ata deve ter nascido há 40 anos e ela provavelmente era parte europeia e parte nativa.
O que começou como uma história sobre alienígenas, é realmente uma história de tragédia humana. Uma mulher teve um bebê com malformações, ele foi conservado e depois negociado ou vendido. Ele deve ser devolvido ao país de origem e enterrado de acordo com os costumes dos habitantes locais", explicou o cientista Nolan na época.