6 graus de separação: A teoria que conecta desconhecidos a figuras históricas
Aventuras Na História
Em um conto intitulado de "Correntes" publicado em 1929 pelo escritor e poeta húngaro Frigyes Karinthy, um grupo de pessoas é mostrado tentando conectar qualquer pessoa do mundo a si mesmas, através de cinco outras pessoas.
Nas redes sociais, a teoria viralizou quando um internauta testou o conceito com personalidades midiáticas e figuras históricas através de um número ainda maior. 'MC Pipokinha (cantora de funk) à Josef Stalin dentro de 7 apertos de mão', escreveu o internauta.
O curioso conceito, que ficou conhecido como "seis graus de separação" ou "mundo pequeno" saiu da literatura e entrou para a ciência nos anos 60, quando um psicólogo norte-americano chamado Stanley Milgram decidiu colocar a hipótese à prova a partir de um experimento.
Ele enviou 300 encomendas para familiares, amigos e conhecidos seus localizados nas mais diversas regiões dos Estados Unidos. Junto de cada pacote, havia uma peculiar orientação: o destinatário deveria passar o objeto para frente até que ele alcançasse um homem que morava na cidade de Boston, com a regra de que o próximo endereço precisava sempre pertencer a alguém que a pessoa conhecia pelo primeiro nome, criando uma corrente de "amigos de amigos". Já Milgram e o homem de Boston eram completos desconhecidos.
Segundo registrado pelo Science Alert, 64 dessas encomendas chegaram ao destino final, e ao checar a trajetória desses pacotes, o psicólogo constatou que eles teriam mudado de mãos cerca de seis vezes, sugerindo que o exercício mental descrito na pequena história de Karinthy trinta anos antes seria mais científica do que anteriormente imaginado.
Século 21
No início dos anos 2000, o interesse da ciência pela teoria dos seis graus de separação foi renovado pelo advento da internet. Na Era Digital, se tornou mais fácil testar a hipótese, já que em vez de encomendas, o conceito pode ser verificado via e-mails ou mensagens.
Além disso, o experimento original de Milgram precisava de versões modernas pelo próprio fato de não ser tão sido assim tão conclusivo, conforme argumentado pela psicóloga Judith Kleinfield, da Universidade de Alasca:
As descobertas empíricas de Milgram sobre o problema do mundo pequeno não justificam sua famosa conclusão — de que vivemos em um 'mundo pequeno' onde as pessoas estão conectadas, em média, por 'seis graus de separação'. O primeiro estudo não publicado de Milgram e as tentativas não publicadas de réplica, disponíveis nos documentos de Milgram, mostram a fraqueza da base de evidências", explicou ela em um texto de 2002.
Alguns dos problemas seriam que, no experimento do psicólogo, cem pacotes foram enviados para pessoas que já moravam em Boston, e outros cem para indivíduos que atuavam na mesma profissão do destinatário final.
Laços digitais
Já em 2006, especialistas da Microsoft usaram o banco de dados do Microsoft Messenger, que envolvia 180 milhões de indivíduos de várias nacionalidades, para fazer uma réplica do estudo.
Eles descobriram que 78% desses usuários podiam ser conectados por uma cadeia de 6 ou menos pessoas. Vale mencionar, todavia, que também houve duplas com mais elos entre si — que teriam chegado a até 29. Em média, a quantidade de etapas foi "6,6", segundo informações repercutidas pelo The Guardian.
Para mim, foi muito chocante. O que estamos vendo sugere que pode haver uma conectividade social constante para a humanidade. As pessoas têm essa suspeita de que somos muito próximos. Mas estamos mostrando em larga escala que essa ideia vai além do folclore", afirmou Eric Horvitz, um dos autores da pesquisa, em entrevista ao New York Post.
Posteriormente, a teoria do mundo pequeno seria aplicada a uma quantidade ainda maior de internautas: os que tinham uma conta no Facebook em 2016, que na época somavam 1,6 bilhão.
De acordo com os dados da rede social de Zuckenberg, seus usuários podiam ser ligados, na verdade, por 3,57 graus de separação. Ou seja, ainda menos que as especulações anteriores, o que chega a sugerir que a internet pode ter deixado o mundo ainda "menor" do que antes.