A curiosa história da duquesa Georgiana Cavendish
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Na Devonshire House, residência dos Duques de Devonshire, vivia a ancestral da Princesa Diana, a extravagante Georgiana Cavendish. Inspirada na moda, ela exibia trajes estranhos, como um cocar de penas de avestruz de um metro e meio. A moça de linhagem nobre era filha de John, o primeiro conde de Spencer, e sua esposa, Margaret Georgiana Poyntz.
Retratada em 2008 pelo filme A Duquesa, do diretor Saul Dibb, na vida real, Georgiana foi uma poderosa mulher, casada aos 17 anos. Ela era uma das figuras mais carismáticas da alta sociedade britânica. Conhecida como Gee, a Duquesa de Devonshire brilhou por seu estilo e, acima de tudo, pelo seu envolvimento na política, sendo defensora central do Partido Whig — mesmo que mulheres ainda não pudessem votar.
Casamento
O casamento de Georgiana com seu marido, o desejado William Cavendish, 5.º Duque de Devonshire, ocorreu em 5 de junho de 1774. No entanto, o nobre, de 25 anos de idade, não era o match perfeito para a agora duquesa. Ele vivia distante dela e passava muito tempo jogando cartas no clube Whig, Brook's, em St James, Londres.
Durante os primeiros nove anos de seu casamento, Georgiana sofreu uma série de abortos, o que foi visto com maus olhos, já que muito se esperava que ela gerasse um herdeiro masculino para o ducado.
Eventualmente, ela conseguiu dar à luz duas meninas. O esperado menino chegou também, e foi batizado com o nome do pai, William. O garoto posteriormente tornou-se o 6º Duque de Devonshire. Enquanto isso, também nasceu uma criança ilegítima — Charlotte Williams, fruto de uma relação extraconjugal.
O Duque de Devonshire tinha traído Georgina. Ela só ficou sabendo disso anos após os dois já terem consagrado matrimônio. Quando a amante do duque morreu, a pequena Charlotte, menina produto da infidelidade, teve que ser criada pela duquesa. A mãe de Georgina a alertou para não contar a ninguém que a criança era bastarda.
Em meio ao seu casamento infeliz, Georgiana Cavendish encontrava diversão em outras áreas da vida, como na moda e na política. Ela rapidamente se tornou referência em vestimenta e maneirismos. O sucesso social, porém, teve um preço: o consumo de álcool e o vício nos jogos.
Esse comportamento fora da curva era comum entre amigos e parentes dos Devonshires. A Casa Devonshire não só incluiu políticos célebres e inteligentes, mas também libertinos como John Frederick Sackville, terceiro duque de Dorset, e Charles James Fox.
Por sua vez, Fox, um estadista de destaque na Câmara dos Comuns, convenceu Georgiana a assumir um papel mais ativo no partido Whig. Em setembro de 1780, ela fez sua primeira aparição em nome do partido, escalando as pessoas de Westminster a apoiarem Fox.
Durante a próxima campanha eleitoral, no entanto, após a duquesa instigar eleitores, Georgina foi alvo da imprensa pró-governo, que lançou uma campanha difamatória contra ela, insinuando que a dama estava trocando beijos por votos.
Sua figura esteve em folhetos e jornais, que a representavam como uma mulher sexualmente depravada que estava corrompendo os eleitores de Westminster. Resultado: a eleição foi um fiasco, não só para os Whigs, como também para a reputação pessoal da duquesa.
A amiga
Em 1782, a vida íntima de Georgiana Cavendish passou por um furacão chamado Lady Elizabeth Foster, conhecida como "Bess". A mulher recém-separada tornou-se amiga da duquesa — e amante do marido dela.
Começava um escandaloso ménage à trois, que durou pelos próximos 25 anos, resultando em mais dois filhos ilegítimos do duque. Eram eles Augustus Clifford e Caroline Rosalie St Jules. Ambos foram criados por Georgiana, junto de seus filhos legítimos, na Devonshire House.
Um fato curioso é que, mesmo a amiga indo para a cama com o próprio marido, Georgiana pode ter também tido sentimentos amorosos por "Bess". Isso não é claro, mas gera suspeita de um possível poliamor para os historiadores, principalmente, pois, a duquesa escrevia cartas carinhosas e fervorosas para a amiga.
Uma das correspondências diz: "Minha querida Bess, você ouve a voz do meu coração chorando por você? Você sente o que é para mim me separar de você? ... Oh Bess, cada sensação que sinto, mas aumenta minha adoração a você", repercute o site Lazy Historian.
A filha
Após Georgina dar à luz seus filhos legítimos, ela traiu o Duques de Devonshire com um homem chamado Charles Gray, que era político Whig. Em 1791, a duquesa engravidou do amante, informa o Regency History. Enfurecido, o marido a deu duas alternativas: divórcio ou exílio.
A dama optou pelo exílio, pois não queria deixar seus filhos sem riquezas. Viajou para a França, onde passou por um sufoco, com medo de morrer no parto. Sobre isso, ela escreveu um bilhete para o seu próprio neném: "Assim que você tiver idade suficiente para entender essa carta, ela será entregue a você. Ela contém o único presente que posso lhe dar: minha benção, escrita em meu sangue", registra a obra 'Georgiana: duquesa de Devonshire', de Amanda Foreman.
Por sorte, apesar das tribulações da viagem, tudo ocorreu bem e uma menina, Eliza Courtney, nasceu em fevereiro de 1792. A criança foi enviada para viver com os avós paternos, pois Georgina não podia reconhecê-la. A mãe sentiu uma tremenda culpa pelo abandono da filha.
Morte
Em 1795, o amante de Georgina, Charles Gray, se casou sem antes informá-la. E eventualmente, a duquesa voltou para a Inglaterra. No fim de sua vida, ela desenvolveu uma infecção no olho direito, que se espalhou para o esquerdo, deixando-a com cicatrizes e praticamente cega.
Conforme a saúde piorava, também se agravava o vício em jogos de apostas. A morte chegou em 30 de março de 1806, na Devonshire House. A causa foi um abcesso no fígado. Durante sua partida, a duquesa teve a companhia do marido, da mãe e irmãs, além da amiga, Lady Elizabeth Foster.