A descoberta histórica feita em instituição colonial australiana do século 19
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Um novo estudo arqueológico da Universidade de Cambridge desafia as percepções tradicionais sobre a vida das mulheres no Hyde Park Barracks de Sydney, um dos principais locais de imigração australiana no século 19.
O Hyde Park Barracks, localizado em Sydney fora erguido entre 1817 e 1819. Inicialmente concebido como um alojamento para homens condenados, o local desempenhou um papel fundamental na história da imigração australiana.
Com o término do transporte de condenados para New South Wales, o local foi transformado. Entre 1848 e 1887, o edifício acabou reconfigurado para servir como o Depósito de Imigração Feminina, e de 1862 a 1886, funcionou também como o Asilo Feminino Destituído.
Essas instituições forneciam abrigo e apoio a mulheres migrantes solteiras, bem como a outras pessoas incapazes de se sustentar devido à idade, enfermidade ou deficiência.
Enquanto documentos oficiais pintam um quadro sombrio e monótono de uma dieta composta principalmente de carne, chá e pão, novas evidências revelam uma realidade mais rica e complexa.
A Dra. Kimberley Connor, da Universidade de Stanford, liderou uma equipe que analisou resíduos de plantas encontradas sob o assoalho do quartel. As descobertas revelaram uma variedade de alimentos, incluindo frutas, vegetais, nozes e temperos, muitos dos quais nunca foram registrados em documentos oficiais.
"Fontes históricas indicam que a comida nas instituições coloniais era insossa e monótona, inculcando os imigrantes em uma dieta britânica idealizada de pão e carne", disse a doutora no estudo.
Entre os itens encontrados estavam alimentos tradicionais australianos, como nozes de macadâmia, além de alimentos importados de partes do mundo, como espigas de milho americanas, lichias do sudeste asiático e frutas cítricas.
A presença desses alimentos indica que as mulheres do quartel não se limitavam à dieta institucional, mas sim buscavam maneiras de complementar suas refeições com alimentos mais variados e saborosos. O alimento seria adquirido de forma informal, através de trocas, negociações ou até mesmo de vendedores ambulantes.
"Um punhado de amendoins, compartilhados secretamente nos dormitórios, ou uma laranja trazida furtivamente depois da igreja permitiam que as mulheres mantivessem sua individualidade e relacionamentos em um ambiente de uniformidade", seguiu Kimberley no estudo.
Importância
Segundo o 'Archaeology News', ao esconder esses alimentos sob o assoalho, as mulheres demonstravam um ato de resistência contra as restrições impostas pela instituição, buscando manter sua individualidade e suas conexões com o mundo exterior.
Além de revelar a riqueza da dieta dessas mulheres, o estudo também destaca a importância da troca de alimentos em um contexto global. A presença de diversos alimentos importados demonstra como a Austrália estava inserida em uma rede complexa de comércio e migração.