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A mulher que foi injustamente condenada pela morte de seu bebê
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A mulher que foi injustamente condenada pela morte de seu bebê

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Aventuras Na História
06/08/2023 13h07
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https://timnews.com.br/system/images/photos/15697180/original/open-uri20230806-18-llzgtd?1691327382
©Divulgação/ Unsolved Mysteries
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No ano de 1989, nos Estados Unidos, uma mulher chamada Patricia Stallings foi condenada pela morte de seu bebê recém-nascido, o pequeno Ryan, que teria sido intoxicado com anticongelante.

Dois anos mais tarde, no entanto, uma reavaliação de seu caso revelaria que as conclusões da Justiça estiveram erradas em múltiplos pontos: não só a norte-americana era inocente, como seu bebê não fora assassinado, e nunca existiu anticongelante em seu organismo. 

A verdade apenas veio à tona, contudo, com o auxílio de um cientista bioquímico que ouviu sobre o julgamento de Patricia através de um episódio de Mistérios sem Solução, um seriado documental que aborda crimes reais.

A produção, vale mencionar, voltou a se tornar popular após receber um remake da Netflix em 2020, mas tem seus primeiros episódios datados do fim dos anos 80. 

Coincidências infelizes 

A sequência de acontecimentos desafortunados que terminaria com Patricia Stallings na cadeia começou quando Ryan, seu bebê de três meses, começou a ficar doente sem motivo aparente. 

O neném estava mais letárgico que o usual, respirava com maior velocidade e não queria comer, preocupando Patricia e seu marido, David. Assim, decidiram levar o filho para o hospital após os sintomas não passarem durante um dia inteiro. 

Patricia e David / Crédito: Divulgação/ Unsolved Mysteries 

No local, a criança passou por exames que identificaram uma alta concentração de etilenoglicol em seu sangue, uma substância química usada como anticongelante locomotivo — que costuma ser adicionado aos radiadores de carros para impedir a água de congelar durante invernos de temperaturas muito baixas.

Sua ingestão, todavia, é considerada uma emergência médica. A conclusão dos profissionais de saúde, portanto, foi que os pais de Ryan tentaram envenená-lo com o produto. 

Conforme repercutido pelo portal IFL Science, o bebê foi retirado da guarda dos Stallings e colocado em custódia protetora enquanto a situação era apurada pelas autoridades. 

Neste período, porém, aconteceu uma coincidência infeliz que seria decisiva para o destino de Patricia: um dia depois dela fazer uma visita ao seu filho no lar temporário onde ele era mantido, o pequeno voltou a apresentar os sintomas — dessa vez, contudo, eles foram ainda mais intensos, incluindo espasmos musculares e hiperventilação. 

Mais uma vez, exames médicos indicariam a presença de etilenoglicol em sua corrente sanguínea. Frente ao acontecimento, a interpretação dos envolvidos inevitavelmente foi de que a mãe da criança o havia envenenado novamente durante a visita. 

Ryan Stallings / Crédito: Divulgação/ Unsolved Mysteries 

Ryan Stallings faleceria em setembro daquele ano, cerca de dois meses depois daquela primeira ida ao hospital. Como resultado de sua morte prematura, os policiais estadunidenses foram até a casa dos pais dele, onde encontraram anticongelante. Era o suficiente para Patricia ser acusada pelo assassinato de seu filho recém-nascido. 

Durante o julgamento, seu advogado chegou a tentar argumentar que a morte da criança podia ser relacionada a causas naturais, mas a hipótese foi considerada irrisória pela promotoria: 

"Você também pode especular que algum homenzinho de Marte desceu e o injetou com uma bactéria misteriosa", retrucou o promotor na ocasião. 

Um grande engano 

Um ano depois, em 1990, o caso de Patricia Stallings, que havia sido sentenciada à prisão perpétua, foi abordado num episódio de Mistérios sem Solução. Entre os muitos telespectadores que assistiram ao título quando ele foi ao ar, estava William Sly, um bioquímico. 

Um detalhe importante do caso da mulher, o que chamou a atenção do pesquisador, é que ela estava grávida de seu segundo filho quando foi detida pelas autoridades, tendo dado à luz enquanto aguardava julgamento. 

Seu segundo bebê, batizado de David Jr., foi encaminhado para um orfanato — onde não demoraria para começar a apresentar um quadro idêntico ao de seu irmão falecido. A diferença é que, quando o pequeno foi submetido a exames, os médicos alcançaram uma conclusão diferente a respeito de sua condição: ele foi diagnosticado com uma rara doença genética chamada Acidemia Metilmalônica (MMA). 

O distúrbio faz com que o organismo do paciente seja incapaz de quebrar certos aminoácidos, levando ao acúmulo de ácido metilmalônico no sistema. Como consequência, podem ocorrer sintomas como vômitos, letargia e insuficiência respiratória. Exatamente como ocorreu com Ryan

Assim, após assistir o episódio televisivo, William Sly foi atrás de informações para provar que o primogênito de Patricia Stallings sofria da mesma doença de seu irmão mais novo, que teria sido a verdadeira causa de morte, não envenenamento por anticongelante

Desfecho 

Uma peça decisiva do caso é que, com alguns métodos de exames laboratoriais, o ácido metilmalônico pode ser confundido com etilenoglicol

Para provar esse argumento, Sly enviou amostras de sangue contaminado com o ácido para vários laboratórios comerciais diferentes, e pelo menos metade deles classificou a substância de forma incorreta, dizendo ser o anticongelante. 

Graças à intervenção do bioquímico, Patricia Stallings teve sua condenação anulada em 1991, e pôde recuperar a guarda de seu segundo filho, David Jr

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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