Home
Notícias
A tortura sofrida por Raul Seixas durante a ditadura militar brasileira
Notícias

A tortura sofrida por Raul Seixas durante a ditadura militar brasileira

publisherLogo
Aventuras Na História
30/09/2022 20h00
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/images/photos/15226812/original/open-uri20220930-19-1lh7rg2?1664570003
©Divulgação / Youtube / Raul Seixas
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

No ano de 1988, Raul Seixas concedeu uma entrevista ao jornalista André Barbosa, da rádio FM Record, na qual falou sobre as torturas por ele sofridas durante a Ditadura Militar. Segundo o entrevistador, a gravação teria sido, muito provavelmente, a primeira e última em que o músico contou detalhes sobre os três dias em que esteve na presença dos militares.

Na ocasião da conversa, Barbosa e Seixas falaram sobre os planos do roqueiro de construir uma sociedade alternativa e sobre como essas ideias culminariam em seu exílio. As informações são do Portal EBC.

Novas ideias e prisão

"Em 1974, eu estava com a Sociedade Alternativa, essa ideia estrutural, com os parâmetros todos desenvolvidos. Estava em uma época esotérica, frequentando tudo, participando de tudo, escrevendo para John Lennon. Não sabia que iria me encontrar com ele. Também não sabia que eu ia ser expulso do Brasil. Ordem de prisão do 1º exército!", disse o artista ao jornalista.

Raul Seixas no clipe da canção Maluco Beleza / Crédito: Divulgação / Youtube / Raul Seixas

"Ia ser doado para mim, por uma sociedade esotérica egípcia de Aleister Crowley, um terreno em Minas Gerais. E esse eu acho que foi o cume, culminou aí. Eu ia construir uma cidade, uma anticidade, o antitudo, o antiguarda. Ia fazer uma cidade modelo. Estávamos tão loucos pela ideia. Eu, Paulo Coelho, tinha um advogado, tinha um juiz. Tinha pessoas importantes de cada área na sociedade alternativa", continuou.

Raul revela que, então,  tudo foi desativado porque ele foi expulso para Nova York. "Fiquei um ano exilado do Brasil, sem poder voltar", contou o músico, que foi pego na pista do Aterro do Flamengo quando voltava de um show.

Um carro do Dops barrou o meu táxi e eu fiquei nu com uma carapuça preta na cabeça. Fui para um lugar, se não me engano, Realengo. Eu sinto que foi por ali, Realengo. Um lugar subterrâneo, que tinha limo. Eu tateava as paredes e tinha limo."

Tortura e exílio nos EUA

Seixas conta que cinco pessoas o interrogaram. "Tinha um bonzinho, um outro bruto que me dava murro, um que dava choque elétrico em lugares particulares e tudo. Eu fiquei três dias lá. Sabe, cada um tinha uma personalidade. Era uma tortura de personalidade. Eu não sabia quem vinha. Só sentia pelos passos. Eu pensava, era o cara que batia. Era o cara que tem o...", relatou sem completar a frase.

Raul Seixas durante entrevista / Crédito: Divulgação / Youtube / Shepah 

Ele contou que após os momentos de tortura, foi levado a um aeroporto e mandado diretamente para os Estados Unidos, de onde voltaria tempos depois em razão do sucesso de seu LP Gita.

Não sabia que ia estourar. E ele estourou. Acho que tocou umas seis faixas. Uma por uma. Gita, Sociedade Alternativa, Medo da Chuva... foi um disco que foi muito explorado", conta.

De volta ao Brasil

Raul também deu detalhes de sua vida nos Estados Unidos. "Então, eu estava lá nos Estados Unidos. Já tinha encontrado com John Lennon, já tinha corrido o país, era casado com uma americana na época. E tinha cantado com Jerry Lee Lewis em Memphis, Tennessee.. Ele me acompanhou de piano."

Tinha feito muitas coisas nos EUA quando veio o Consulado Brasileiro no meu apartamento. Era quase em dezembro de 1974. Bateu na porta do meu apartamento dizendo que eu já podia voltar. Que o Brasil já me chamava, que eu era patrimônio nacional e que tava vendendo disco. Cinicamente, o cara falou assim", contou o músico. 

Como estava com muita saudade, Raul Seixas revela que optou por voltar. "Voltei para o Brasil e vi o disco Gita estourado aqui. E foi mais ou menos assim aquele ano de 1974. Mas tudo bem. Eu me refiz, graças a Deus, não fiquei com trauma psicológico nenhum e acho que as coisas se processam dessa maneira."


Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também