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A tragédia aérea que terminou no assassinato de um controlador de voo
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A tragédia aérea que terminou no assassinato de um controlador de voo

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Aventuras Na História
25/04/2023 20h28
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©Divulgação/ Youtube/ AP Archive
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No dia 1° de julho de 2002, por volta da meia-noite, uma bola de fogo tomou os céus da cidade de Überlingen, na Alemanha. A seguir, destroços fumegantes de duas aeronaves diferentes choveram sobre uma área de 35 quilômetros quadrados no município. Era o desfecho daquele que é considerado até hoje como o mais mortífero acidente aéreo civil a ocorrer sobre território alemão. 

A tragédia envolveu a colisão em pleno ar de dois aviões, levando à morte de todos os 71 passageiros presentes em ambos os meios de transporte — com a maioria destes sendo crianças. 

De um lado, vinha um cargueiro de modelo Boeing 757, tripulado por apenas duas pessoas. Pertencente à empresa DHL International Aviation, ele partira de Bahrein, país do Oriente Médio, e voava em direção à Bélgica. 

Do outro, estava uma aeronave comercial pertencente à companhia áerea Bashkirian Airlines. O veículo de modelo Tupolev Tu-154 carregava uma excursão escolar de estudantes vindos de famílias de elite. Saído da Rússia, ele transportava 67 pessoas — incluindo 48 menores de idade — para um festival na Espanha que seria realizado pela UNESCO.

Como o desastre aconteceu?  

Imagem simulando como teria ocorrido a colisão entre os dois aviões / Crédito: Domínio Público

 

Impactos entre grandes aviões são uma ocorrência rara, tendo existido menos de vinte deles desde 1960, segundo repercutiu a ABC News. Os motivos por trás deste, que seriam debatidos em tribunal durante anos, são variados. 

Um dos primeiros é o fato que, naquela noite, havia um único controlador de tráfego aéreo monitorando a região onde se deu o acidente — um espaço aéreo que pertence à Suíça, nação vizinha do território alemão, uma vez que já está nas proximidades da fronteira entre os dois. 

É importante enfatizar que deveriam existir dois funcionários cobrindo aquele turno, porém o segundo havia feito uma pausa para tomar café, deixando apenas Peter Nielsen, de 36 anos, responsável pelo trabalho. 

Quando o homem percebeu que as duas aeronaves estavam em rota de colisão, faltava apenas um minuto para o choque. Ele contatou os pilotos do Tupolev Tu-154, o avião russo, orientando-os a fazerem uma descida a fim de desviarem do cargueiro da DHL. 

A Suíça e a Rússia posteriormente argumentariam em tribunais a respeito deste momento, com a primeira dizendo que os pilotos russos demoraram para atender os avisos de Nielsen, e a segunda defendendo que o controlador aéreo entrou em contato apenas 50 segundos antes do impacto, e os tripulantes teriam reagido tão rápido quanto podiam dadas as circunstâncias, mudando de curso após o segundo aviso.  

Outro detalhe relevante aqui é que o Sistema de Prevenção de Colisão de Tráfego aéreo (TCA, na sigla em inglês), que usa tecnologias de radar para garantir que acidentes como esse não ocorram, enviava orientações diferentes para os dois aviões: o instrumento orientava os russos a subirem, e o cargueiro a descer. 

Assim, enquanto os pilotos do Tupolev Tu-154 atenderam ao pedido de Nielsen, os do Boeing 757 obedeceram ao seu TCA, fazendo com que ambos fizessem a mesma mudança de rota, descendo e se chocando em seguida. 

Fotografia de memorial contendo nomes das vítimas / Crédito: Domínio Público

 

O crime após a tragédia

O controlador de tráfego aéreo sozinho na torre de controle suíça naquele fatídico turno noturno seria vítima de um homicídio em 2004, quando um homem russo que havia perdido toda a sua família no desastre foi até sua casa e o esfaqueou. 

Vitaly Kaloyev era um engenheiro que estava fazendo um trabalho na Espanha quando ocorreu a colisão entre as duas aeronaves em Überlingen. Assim que a sombria notícia o alcançou, ele embarcou em um voo para a Alemanha, tendo sido um dos primeiros parentes das vítimas a chegar ao local onde estavam os destroços. 

O pai enlutado encontrou primeiro sua filha de quatro anos, cujo cadáver estava surpreendentemente ileso. "Ela foi carregada à terra por um anjo", disse Kaloyev a respeito da questão, conforme informou o Independent. A seguir, ele identificaria os terrivelmente mutilados restos mortais de seu filho de 10 anos e esposa. 

O homem teria mergulhado em uma profunda depressão após o episódio. Incapaz de lidar com as mortes de seus entes queridos, ele teria transformado sua casa em uma espécie de "santuário" em homenagem a cada um dos três, sem se desfazer dos pertences de nenhum deles. 

Kaloyev encontrou Peter Nielsen após contratar um detetive particular para rastreá-lo. Ao juiz, ele alegaria mais tarde que queria apenas confrontar o controlador de tráfego. 

Fui a Nielsen como um pai que ama seus filhos para que ele pudesse ver as fotos de meus filhos mortos e, ao lado deles, seus próprios filhos, que estavam vivos", relatou ele na época. 

Não foi, contudo, o que aconteceu: após uma curta discussão, o russo sacou uma faca com o qual investiu repetidamente contra o peito do outro. Os três filhos de Nielsen, por sua vez, estavam em casa naquele momento e teriam presenciado o ataque. 

A versão contada pelos advogados do engenheiro russo, porém, que enquadrava o homicídio como uma decisão impulsiva motivada pela raiva do momento, não convenceu o sistema de justiça, e Vitaly Kaloyev foi considerado culpado de realizar um assassinato premeditado movido pelo desejo de se vingar do controlador de tráfego. Ele recebeu uma sentença de 8 anos de prisão. 

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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