Agressividade, alzheimer e demência: Como as lesões afetam os jogadores de futebol americano
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Ocorrerá neste domingo, 12, o tão esperado e comentado Super Bowl. Embora o esporte não esteja entre os mais populares de nosso país, ainda assim ele é muito querido por inúmeros apaixonados pela bola oval.
Além disso, o intervalo da partida também conta com um dos shows mais esperados do ano que, na edição de 2023, será da Rihanna, que se apresentará no State Farm Stadium — em Phoenix, Arizona —, onde o Kansas City Chiefs encara o Philadephia Eagles.
O esporte atrai cada vez mais um número de pessoas em terras tupiniquins. Ainda assim, poucas possuem conhecimento afundo sobre seus jogadores, a NFL ('National Football League', ou 'Liga de Futebol Americano dos Estados Unidos', em tradução livre) ou até mesmo as complicações que a prática pode trazer.
Tendo isso em mente, confira a seguir algumas pesquisas e informações curiosas sobre o esporte além dos gramados!
Jogadores perigosos?
Infelizmente, um tipo de notícia que corre muito nos Estados Unidos é de jogadores da NFL sendo presos pelos mais diversos crimes, mas que geralmente envolvem violência — e, mais lamentavelmente ainda, uma maioria é violência doméstica — ou agressão.
De acordo com o jornalista esportivo Benjamin Morris, em texto ao FiveThirtyEight, "a violência doméstica responde por 48% das prisões por crimes violentos entre os jogadores da NFL, em comparação com [uma] estimativa de 21% nacionalmente".
Com isso, pode-se dizer que esses esportistas têm cerca de quatro vezes mais chances que a média de serem presos por abuso doméstico.
Embora muitos acreditem que o comportamento agressivo se deva ao que eles são estimulados a desenvolver na cultura do esporte, pesquisas indicam que pode haver outra forma de se analisar os jogadores.
Primeiro, é importante ressaltar que a pesquisa não pretende justificar as ações dos jogadores, de forma a inocentá-los, como conta o psicólogo Adrian Raine à Forbes, mas sim compreender o que pode fazer com que o esporte pareça um para-raio de agressores.
Segundo a própria NFL, devido à maneira como o esporte funciona, com os jogadores se atingindo por diversas vezes durante os jogos e treinos, o número de lesões em suas cabeças pode aumentar e, como consequência, muitos podem apresentar alterações em suas personalidades — podendo variar entre raiva ou depressão, por exemplo.
Maior chance de Alzheimer
No entanto, um comportamento mais agressivo não é o único mal que acompanha muitos jogadores de futebol americano. Segundo a Forbes, alguns dados de exames feitos com esses esportistas sugerem que quase 30% dos ex-jogadores da NFL acabarão desenvolvendo doença de Alzheimer ou demência ao longo da vida.
Os dados em questão foram calculados como parte do processo de concussão feitos em 2014 na NFL, já que milhares de jogadores processando a liga alegando que houve ocultação dos riscos de traumatismo craniano; então, a NFL tentou estimar sua responsabilidade, e descobriram que era maior do que esperavam.
De forma mais específica, uma empresa contratada pelos jogadores, a Analysis Research and Planning Corporation, cerca de 14% de todos os ex-jogadores serão diagnosticados com a doença de Alzheimer, enquanto outros 14% desenvolverão demência moderada.
Além disso, os ex-jogadores da NFL têm cerca de duas vezes o risco da população em geral de sofrer de Alzheimer, Esclerose lateral amiotrófica, Parkinson ou demência de início precoce.
Um exemplo é o caso do ex-jogador da NFL, Terry Long, que sofria com depressão e, em 2005, aos 45 anos de idade, cometeu suicídio. Em novembro de 2006, o médico Bennet Omalu publicou um artigo, repercutido pela revista GQ Sports, sobre uma autópsia realizada no cérebro de Long.
De acordo com o estudo, no cérebro do ex-jogador havia tantos danos, que elevaram a concentração de proteína tau — que, quando defeituosa, pode implicar em condições como Alzheimer ou demência — a ponto de ficar tão alta, que o órgão era semelhante ao de uma pessoa com 90 anos em estágio avançado de Alzheimer.
Danos por concussão
É claro que, com tamanhos danos ao cérebro dos jogadores, sem mencionar as muito constantes concussões, devido aos fortes impactos, a NFL precisaria se responsabilizar e pagar pelo tratamento.
Porém, em 2011, 75 jogadores aposentados processaram a NFL por alegações de que a liga passou décadas escondendo os efeitos nocivos do trauma cerebral; depois o processo ainda cresceu, com mais de 4.500 ex-jogadores e familiares se juntando ao caso.
Por isso, como a liga já tinha conhecimento sobre como o esporte realmente poderia agredir seus jogadores a longo prazo, a NFL apenas desbancou, depois de 2 anos do processo, um valor equivalente a 0,5% de sua renda anual para se livrar dele: aproximadamente US$ 765 milhões foram gastos para tal. Além disso, também cobriram diversas taxas legais e administrativas.