Além de beijo em menino: as polêmicas que envolvem Dalai Lama
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O líder budista Tenzin Gyatso, mais conhecido como Dalai Lama, é considerado por milhões de pessoas em todo o mundo como a reencarnação do Buda da Compaixão. Como importante figura religiosa e política, ele recebeu, em 1989, o Prêmio Nobel da Paz por sua dedicação à libertação pacífica do Tibete.
No entanto, o Dalai Lama também esteve envolvido em diversas polêmicas ao longo de sua vida. A última delas, se deu na semana passada, quando o homem de 87 anos de idade foi visto beijando uma criança na boca e pedindo para que ela chupasse sua língua.
A situação, que foi registrada e compartilhada nas redes sociais, foi criticada por muitas pessoas. Agora, o futuro da tradição religiosa que já cultua a 14ª encarnação da santidade foi posto em xeque. A seguir confira algumas das principais polêmicas nas quais Gyatso esteve envolvido:
China e EUA
Em 2002, conforme lembrou o portal CNN, o líder religioso criticou a "guerra contra o terrorismo" liderada pelos Estados Unidos, argumentando que o uso da força não é a solução para combater a violência, uma vez que ignora os problemas subjacentes que levam a ela.
No mesmo ano, o líder religioso desafiou o governo chinês ao afirmar que a democracia era essencial para que a China se tornasse uma grande potência mundial. Ele, que vive na Índia desde 1959, quando ocorreu um levante tibetano fracassado contra as forças de ocupação chinesas, afirma desde 1974 que não busca a independência do Tibete da China, mas sim uma "autonomia significativa" que permita que o país preserve sua cultura e herança.
Apesar disso, o governo chinês o vê como um separatista, tanto que, em 2007, o Departamento de Assuntos Religiosos da China publicou um documento estabelecendo "medidas de gerenciamento" para a reencarnação de Budas tibetanos.
O documento, segundo a fonte, destaca que as reencarnações de figuras religiosas tibetanas devem ser aprovadas pelas autoridades governamentais chinesas.
Encerrar a tradição
Em 2014, uma entrevista concedida ao jornal alemão Die Welt gerou polêmica ao sugerir que a tradição de escolher um líder espiritual para o povo tibetano deveria ser abolida. Embora isso tenha levado a especulações sobre se ele próprio iria ou não reencarnar, Gyatso posteriormente apontou que cabe ao povo tibetano decidir se haverá ou não outro Dalai Lama após sua morte.
Europa para os europeus
Outra controvérsia ocorreu em 2018, quando o Dalai Lama sugeriu que a Europa deveria ser mantida para os europeus e que o número de migrantes africanos permitidos no continente deveria ser limitado.
Embora tenha afirmado que a Europa deveria acolher e oferecer educação e treinamento aos migrantes, ele também defendeu que eles deveriam retornar à sua própria terra.
“Toda a Europa (irá) eventualmente se tornar um país muçulmano? Impossível. Ou país africano? Também impossível”, comentou na época. Ele ainda acrescentou que seria melhor “manter a Europa para os europeus”.
Sucessora
Mais tarde, em 2019, o líder espiritual se envolveu em uma nova polêmica ao afirmar que, se uma mulher fosse escolhida como sua sucessora, ela deveria ser "mais atraente".
Embora ele tenha se desculpado pela declaração, seu escritório destacou que ele apoia a igualdade de gênero e que sob sua liderança, monjas tibetanas ganharam mais oportunidades de formação.
Como explicou a fonte, a crença budista afirma que os Dalai Lamas são reencarnações do Bodhisattva da Compaixão, que escolhe reencarnar para servir ao povo. A busca pelo próximo líder começa quando o anterior morre, e pode ser baseada em sinais dados pelo Dalai Lama antes de sua morte ou através de meditação e visões dos principais sacerdotes.