ARA San Juan: O submarino argentino desaparecido que implodiu
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Nos últimos dias, o desaparecimento, as buscas e a confirmação da 'implosão catastrófica' do submarino Titan ganhou as manchetes de jornais por todo o mundo. O submersível, que iria visitar os destroços do lendário RMS Titanic, em uma profundidade de 3.800 metros no fundo do Oceano Atlântico, teve seu trágico desfecho confirmado no último dia 22.
Embora seja uma das mais repercutidas, a tragédia com o Titan não foi o único acidente com submarinos que chamou a atenção do mundo. O destino do argentino ARA San Juan, desaparecido em 2017, também gerou uma enorme repercussão com desdobramentos até os dias atuais.
O último sinal
Após participar de exercícios militares na base de Ushuaia, na Patagônia, o submarino ARA San Juan voltava para o porto de Mar Del Plata, na Argentina, quando desapareceu naquele 15 de novembro de 2017.
O último contato aconteceu logo pela manhã, às 7h30 do horário local, quando o ARA San Juan estava a 432 quilômetros da costa da Patagônia. Ao todo, o submarino transportava 44 marinheiros.
Conforme relatado pela BBC, o capitão do ARA San Juan havia enviado oito comunicações para seus superiores informando uma falha nas baterias do submarino. As mensagens apontam que o sistema de ventilação do submarino havia 'permitido' a entrada de água na embarcação — através do snorkel — após uma grande ondulação do mar.
A entrada de água do mar através do sistema de ventilação para o tanque da bateria nº 3 causou um curto-circuito e o início de um incêndio no balcão das barras de bateria. Baterias da proa fora de serviço. Vou mantar a equipe informada. No momento em imersão propulsora com circuito dividido. Sem novidades, vou mantê-los informados", dizia uma destas mensagens.
As buscas
Como consequência, intensas buscas foram iniciadas para encontrar o ARA San Juan. A força-tarefa contou com a ajuda de aviões e embarcações de diversos países, como Reino Unido, Brasil e Estados Unidos.
No dia 23 de novembro, ainda em 2017, a Marinha da Argentina informou que dados coletados por estações hidroacústicas teriam constatado que houve uma explosão horas depois da última comunicação com do submarino. Uma "anomalia hidroacústica incomum, curta e violenta" foi captada a apenas 56 quilômetros ao norte do local onde o submarino fez sua última comunicação.
Duas semanas após o início das buscas, em 30 de novembro, a Marinha anunciou que já não havia mais esperanças de encontrar os 44 tripulantes do submarino vivos. Por conta disso, as buscas foram abandonadas por um tempo e deixaram de ser tratadas como uma "missão de resgate".
Oficialmente, a morte de todos os 44 marinheiros só foi confirmada pelo governo da Argentina em 5 de dezembro, relata matéria do Terra.
O submarino perdido
O passo final para uma das resoluções do caso só aconteceu em setembro de 2018, quando o governo do país contratou a Ocean Infinity, uma empresa norte-americana, para dar continuidade nas buscas pelo submarino.
Em 17 de novembro, dois dias após o primeiro aniversário da tragédia, o Ministério da Defesa e a Marinha da Argentina informaram que o paradeiro do ARA San Juan havia sido descoberto. O submarino estava em uma região de cânions a 907 metros de profundidade. O local fica a 600 quilômetros da Patagônia — bem próximo de onde o último sinal foi emitido.
A operação da Ocean Infinity, que recebeu cerca de 7,5 milhões de dólares do governo argentino, só foi bem-sucedida, pois a empresa usou um submarino operado remotamente por câmeras subaquáticas. O que permitiu rastrear e investigar a região.
Entretanto, este não foi a última pedra sobre o assunto. Afinal, um dia após o anúncio da descoberta do local de descanso do ARA San Juan, o governo da Argentina alegou não dispor de tecnologia suficiente para resgatá-lo e, portanto, os restos mortais dos 44 tripulantes se encontram dentro do submarino.
Além disso, conforme relatado pelo UOL, no mesmo pronunciamento as autoridades relataram que o ARA San Juan sofreu uma implosão devido à pressão da água; o que teria provocado a morte quase que instantânea dos tripulantes. A luta dos familiares pelo resgate das vítimas segue até hoje.
Vale destacar que a implosão do ARA San Juan não resumiu o submarino a pequenos destroços. Mesmo assim, a implosão não deixou de ser violenta.
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Em março de 2021, o Conselho de Guerra anunciou as punições para membros da cúpula da Marinha Argentina, com penas que variam entre 20 até 45 dias de prisão. Já o então comandante da força de submarinos, o capitão Claudio Villamide, acabou destituído de seu cargo. Mesmo assim, os familiares dos tripulantes consideraram as decisões brandas demais.