Arqueólogos desvendam a origem do antigo povo sogdiano, da Rota da Seda
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Recentemente, pesquisadores finalmente conseguiram desvendar o legado histórico e genético do antigo povo sogdiano, que eram parte crucial do nexo Leste-Oeste da Rota da Seda. O novo estudo foi realizado a partir de perspectivas arqueológicas, históricas e genômicas, e discute mais não só sobre a origem deste povo, como também seus padrões de migração e assimilação cultural.
Originários da Sogdiana — atual Uzbequistão, Quirguistão e Tajiquistão —, os sogdianos eram um antigo povo de língua iraniana oriental, cujos membros se destacaram principalmente como comerciantes, artesãos e corretores culturais, especialmente durante a Dinastia Tang, na chamada "Era de Ouro" da Rota da Seda. Porém, durante muito tempo, pouco se sabia sobre as origens deste grupo, bem como detalhes de suas interações com outras populações.
Vale mencionar que a Sogdiana é a área situada entre os rios Amu Darya e Syr Darya, e desenvolveu-se como uma região bastante rica e estratégica, o que colaborou para que se tornasse um importante centro de comércio e cultura. Durante séculos, a Sogdiana foi conquistada por diferentes impérios — como o Império Aquemênida, Alexandre, o Grande, e o Império Kushan —, o que também colaborou para que intermediassem trocas de bens, ideias e arte pela China, Pérsia e pelo mundo mediterrâneo.
Novas descobertas
Em 2014, pesquisadores do Instituto de Relíquias Culturais e Arqueologia de Ningxia descobriram em Guyuan, no noroeste da China, uma tumba que abrigava dois esqueletos sogdianos, um homem e uma mulher, além de tesouros como afrescos, estatuetas, moedas e contas de vidro.
E após análises genéticas e morfológicas mais recentes, um dos esqueletos tinha ancestralidade mista, com componentes locais e genéticos do chamado Complexo Arqueológico Bactria-Margiana (BMAC), da Ásia Central. Por sua vez, o outro apresentou uma maior proximidade com a população local da região do Rio Amarelo, na China.
Como os esqueletos foram enterrados juntos, os pesquisadores sugerem que eles eram de uma mesma família; logo, os apontamentos genéticos fornecem mais uma evidência de que os sogdianos se envolveram em casamentos mistos e na assimilação cultural posterior na região.
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Além disso, conforme pontua o Archaeology News, a dualidade genética reflete uma história mais ampla da integração dos sogdianos com as sociedades locais. Antigos registros históricos chineses se referem à chegada dos sogdianos na China durante as dinastias Wei Jin e Sui Tang, inclusive casando-se com populações locais e estabelecendo comunidades prósperas, fator decisivo para o estímulo do comércio e da interação cultural.
Por fim, também é destacado no estudo, publicado no Journal of Archaeological Science: Reports, que a arquitetura do túmulo e os objetos funerários ali encontrados também fornecem ainda mais ilustrações de sogdianos, combinados a elementos de várias culturas. Assim, o estudo serve não só para ajudar a compreender as origens deste antigo povo crucial na Rota da Seda, bem como destaca a síntese cultural e genética que ocorreu no passado da região.