As sepulturas de escravizados encontradas em fazenda de Andrew Jackson
Aventuras Na História
A descoberta de 28 sepulturas de pessoas escravizadas por Andrew Jackson na propriedade da fazenda Hermitage, no Tennessee, trouxe à tona um capítulo crucial da história dos Estados Unidos.
Durante o tempo em que esteve na presidência, entre 1829 e 1837, Jackson escravizou 95 pessoas, e, ao longo de quase um século, mais de 300 pessoas foram mantidas sob escravidão pela família Jackson.
Jason Zajac, presidente e CEO da Fundação Andrew Jackson, destacou a importância histórica da descoberta em comunicado.
"É historicamente significativo, após décadas de busca, que estejamos altamente confiantes de que encontramos o cemitério para pessoas que foram escravizadas no Hermitage. Outros locais potenciais foram avaliados e eliminados, e pesquisas e testes de última geração confirmaram nossas crenças sobre este local", afirmou ele.
Descoberta
A localização do cemitério foi identificada em janeiro deste ano, à cerca de 305 metros da casa principal da fazenda, em uma colina próxima a um riacho. A descoberta só foi possível graças a avanços tecnológicos, financiamento recente e estudos detalhados que incluíram imagens aéreas, mapas históricos e investigações anteriores, como um relatório de 1935.
Para evitar a perturbação dos túmulos, os arqueólogos usaram radar de penetração no solo, uma tecnologia que permite identificar sepulturas sem escavações.
"Este é um passo crucial para caracterizar locais de sepultamento não marcados", explicou à Live Science Steven Wernke, arqueólogo do Instituto Vanderbilt de Pesquisa Espacial.
O Presidente
Andrew Jackson, além de ter sido um político influente, acumulou sua riqueza principalmente por meio do trabalho escravizado. Ele traficava pessoas entre Nashville e outras regiões do sul dos EUA. Em 1804, adquiriu terras em Nashville, que chamou de Hermitage. Ele levou pessoas escravizadas até mesmo à Casa Branca durante seu mandato.
O local do cemitério permaneceu praticamente intocado por 180 anos, uma vez que nunca houve construções ou plantações naquela área específica. As depressões no solo foram identificadas após a remoção de plantas invasoras em uma área de busca.
Embora até agora tenham sido identificadas 28 possíveis sepulturas, especialistas acreditam que o número pode aumentar conforme o trabalho continue.
Pam Koban, presidente do concelho da Andrew Jackson Foundation, afirmou à Live Science que o cemitério será transformado em um marco educacional central para a história do Hermitage.
Um comitê consultivo de historiadores e descendentes de pessoas escravizadas está sendo formado para garantir que o local seja preservado e apresentado de maneira respeitosa e informativa.