Cemitério de navios: Entenda o que aconteceu com a Baía de Guanabara
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A Baía de Guanabara, que fica localizada no Rio de Janeiro e já é utilizada como porto natural desde o período colonial brasileiro, ganhou as manchetes na última semana após um navio dedicado ao transporte carga a granel se chocar contra a Ponte Rio-Niterói.
A embarcação, chamada de São Luiz, se encontrava abandonada na costa, tendo sido empurrada pelo vento na direção da construção na última segunda-feira à noite, 14. Felizmente, a ponte não foi comprometida, ainda assim, o evento serviu para chamar a atenção do Brasil para o problema dos navios encalhados no local.
Muitos deles se encontram em mau estado de conservação, e são passíveis de gerarem acidentes, tal como ocorreu com o São Luiz, que estava ancorado no local desde 2016. A forte ventania ocorrida no dia do impacto, por sua vez, teria causado o rompimento das amarras que mantinham o navio parado, conforme repercutido pelo G1.
O choque da embarcação graneleira contra a ponte foi capturada em vídeo por um motorista que passava pelo local. Ele chegou a deixar o celular cair no momento do impacto.
Começou um vento muito forte na ponte (...) Foi aí que eu vi o navio e achei que ele ia passar direto. Mas, pela altura, logo eu pensei que estava estranho e que não ia passar (...) A parte alta bateu forte na ponte. Na hora, meu telefone caiu no chão. Chegou a balançar a ponte. Balançou muito. O carro quase sai de uma faixa e vai para a outra", relembrou o homem em entrevista à Globo.
Cemitério de embarcações
A Baía de Guanabara está repleta de navios abandonados, incluindo muitos que são corroídos pela ferrugem. De acordo com informações do RJ2, existem dezenas de embarcações no local que ofereceriam "alto risco" de protagonizarem acidentes semelhantes no futuro.
A Ponte Rio-Niterói, vale mencionar, é uma via essencial ao trânsito local, e sua interdição após o ocorrido na última segunda-feira, 14, causou intenso engarrafamento na região.
Segundo relatado ao G1 por um ativista do Movimento Baía Viva, o cemitério já existe há cerca de 30 anos, sem que as autoridades da região coloquem em prática esforços eficientes de controlar a situação.
Por incrível que pareça, nunca foi feito um inventário do número de embarcações que estão afundadas na Baía de Guanabara e também de navios como esse São Luís. São embarcações extremamente precárias, inseguras. Provavelmente dentro delas há inclusive óleo. Isso pode provocar um desastre na Baía de Guanabara", afirmou a fonte.
Para resolver o problema, seria necessária maior fiscalização dos barcos e navios que recebem permissão para ficarem ancorados na baía oceânica carioca, a fim de que aqueles que não serão mais usados sejam descartados de forma correta, em vez de ficarem esquecidos no local — uma solução que é financeiramente barata para seus proprietários, mas custosa para o ecossistema da região.
Outro detalhe de relevância é que a autoridade responsável por fazer a regulamentação das embarcações deixadas na Baía de Guanabara é a base militar Capitania dos Portos de São Paulo, pertencente à Marinha brasileira.