Cerco de Waco: a desastrosa operação que massacrou 80 membros de uma seita
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Recém-explicado na minissérie documental "O Cerco de Waco: Um Apocalipse Norte-Americano", a ocasião que dá nome a produção da Netflix é conhecida como um dos episódios mais emblemáticos e sangrentos envolvendo as forças de segurança e inteligência dos Estados Unidos.
Iniciado no dia 28 de fevereiro de 1993, o caso aconteceu ao nordeste de Waco, no Texas, quando as autoridades foram acionadas para fazer uma busca na sede da seita Ramo Davidiano.
O Ramo Davidiano se originou a partir de um movimento reformista iniciado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, durante a década de 1930. Ao longo dos anos este grupo se manteve discreto, até a chegada de David Koresh — nome que adotou após entrar para a seita — em 1981, depois ter sido expulso da Igreja Adventista de Tyler.
A bandeira do Ramo Davidiano / Crédito: Wikimedia Commons
Em 1983, Koresh passou a se autoproclamar como um profeta, acreditando ser o último messias enviado por Deus à Terra. Ele não aceitava os ensinamentos propostos pela seita e criticava, ainda, as práticas impostas pelos membros do ramo davidiano dos adventistas do sétimo dia.
Mais tarde ele assumiu a liderança da organização, no entanto, com o passar do tempo, passou a ter vários comportamentos contraditórios. Koresh dizia que a monogamia seria a salvação dos fiéis, no entanto, o líder poderia ter várias esposas. Além disso, passou a armar os seguidores com pistolas e metralhadoras, visando a proteção contra contrários.
Operação Monte Carmelo
No dia 28 de fevereiro de 1993, o Departamento de Justiça norte-americano autorizou um mandado de busca na sede do rancho Monte Carmelo, localizado em Waco, no Texas. Ao chegar ao local, a polícia foi recebida com tiros, o que acabou resultando na morte de quatro agentes e seis membros da seita.
David Koresh, líder da seita / Crédito: Wikimedia Commons
Logo depois do confronto, o FBI assumiu o controle do caso que foi chamado de Operação Monte Carmelo. As autoridades decidiram estabelecer um cerco em torno de sede da organização. O conflito durou cerca de 51 dias e envolveu, ainda, outros órgãos táticos da inteligência norte-americana como: a ATF, os Texas Rangers e as forças militares da Guarda Nacional dos Estados Unidos.
Nos primeiros dias, Koresh e seus seguidores concederam algumas entrevistas à imprensa, até que o FBI cortou a ligação da seita com o resto do mundo. Após dias incansáveis de negociações, as autoridades permitiram que Koresh desse uma declaração pública. Na ocasião, o líder revelou que Deus o havia mandado resistir ao cerco.
Neste tempo, o complexo liberou 19 crianças, que mais tarde, revelaram terem sido vítimas de abusos físicos e sexuais dentro da seita, segundo o Daily Mail. Conforme a situação piorava, as autoridades começaram a temer um possível suicídio em massa, o que levou ao FBI soltar bombas de gás lacrimogêneo dentro do rancho. O intuito era invadir e libertar os seguidores de Koresh que estavam sendo feitos de reféns.
Incêndio ocorrido na sede da seita / Crédito: Wikimedia Commons
No entanto, o conflito terminou em um incêndio iniciado dentro da sede, ocasionando a morte de 76 pessoas, entre elas 20 crianças, duas grávidas e o próprio David Koresh. Acredita-se que apenas nove pessoas tenham conseguido escapar com vida.
Desfecho da operação desastrosa
Duas semanas depois, a ATF desfez o complexo, permanecendo apenas uma pequena capela. Segundo o relatório Danforth, alguns membros não conseguiram fugir, enquanto outros se recusaram deixar a propriedade. O documento afirma, ainda, que Steve Schneider, o braço-direito de Koresh, atirou no líder logo após o incêndio ter sido iniciado, suicidando-se em seguida.
Na época a perícia concluiu que diversos seguidores atiraram nas crianças e posteriormente se mataram. No entanto, de acordo com o documentário 'Waco: The Rules of Engagement' (1997) os atiradores de elite do FBI mataram muitos membros da seita que conseguiram se salvar do incêndio, o que confirma os depoimentos dos sobreviventes.