Cobiçada por Trump, Groenlândia realiza eleições parlamentares nesta terça-feira

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Nesta terça-feira, 11, os eleitores da Groenlândia irão às urnas para escolher os novos representantes do Parlamento local, o Inatsisartut, que conta com 31 cadeiras. A eleição ocorre em meio a debates sobre a independência da ilha, atualmente sob administração da Dinamarca, e ao interesse dos Estados Unidos em ampliar sua influência na região.
Com uma população de cerca de 57 mil habitantes, dos quais 40,5 mil aptos a votar, a Groenlândia tem autonomia desde 2009 para avançar em sua independência, mas depende da realização de um referendo para concretizar a separação.
A maioria dos partidos políticos defende essa ruptura, mas há divergências sobre o caminho a ser seguido, especialmente devido ao auxílio financeiro dinamarquês, que injeta quase US$ 1 bilhão por ano na economia local.
O governo atual é liderado pelo partido de centro-esquerda Inuit Ataqatigiit, do primeiro-ministro Múte Egede, que apoia a independência, mas sem um plano concreto para implementá-la. A legenda também defende restrições ambientais, incluindo a proibição da exploração de minerais.
Na oposição, o partido de esquerda Naleraq defende uma separação mais rápida e o fortalecimento da indústria pesqueira. Algumas lideranças do partido já sugeriram um acordo de defesa com os EUA, no qual a Groenlândia receberia proteção militar em troca de concessões estratégicas.
De acordo com a agência Reuters, um levantamento divulgado no início do mês pela mídia estatal indica vantagem para o atual governo.
Interesse americano
Em um discurso no Congresso na última semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que a incorporação da ilha ao território americano é fundamental para a "segurança global" e sugeriu que Washington alcançaria esse objetivo “de um jeito ou de outro”.
O primeiro-ministro da Groenlândia, por sua vez, rejeitou os comentários do mandatário, reafirmando que a ilha “pertence aos groenlandeses” e descartando qualquer possibilidade de negociação.
Há décadas, os Estados Unidos veem a Groenlândia como um território estratégico. A ilha poderia servir de base para sistemas de defesa capazes de interceptar mísseis vindos da Europa ou do Ártico.
Radares instalados na região também auxiliariam na identificação de navios e submarinos, especialmente russos, monitorando as águas entre a Islândia, a Grã-Bretanha e a própria Groenlândia. Além de sua importância geopolítica, a ilha abriga vastos recursos naturais, incluindo minerais, petróleo e gás natural.
Embora, em teoria, um referendo pudesse aprovar a separação da Dinamarca e uma possível associação aos Estados Unidos, analistas consideram esse cenário improvável. Para os groenlandeses, a busca é por mais autonomia, não por um novo domínio.


