Como o envolvimento de Suzane von Richthofen no crime foi descoberto?
Aventuras Na História
Na noite de 31 de outubro de 2002, a cidade de São Paulo foi abalada pela morte de Manfred e Marísia von Richthofen. 21 anos depois, o episódio ainda intriga os brasileiros A razão para todo o rebuliço em torno do caso, porém, não é o simples homicídio de um casal rico que vivia no Brooklin, bairro nobre de SP, mas sim pelos executores: os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, e a namorada deste segundo, Suzane, filha das vítimas.
O crime aconteceu por volta da meia-noite. Daniel e Cristian Cravinhos foram os responsáveis diretos pela morte de Manfred e Marísia, tendo desferido golpes de porretes — fabricados pelo próprio Daniel, que já tinha habilidade adquirida na confecção de aeromodelos — no casal.
No entanto, todo o crime foi planejado minuciosamente pelos três de maneira que, a princípio, eles não parecessem responsáveis. E foi assim, também, que Suzane levantou suspeitas em meio às investigações. Agora, o desfecho do caso será relembrado no filme 'A Menina Que Matou Os Pais – A Confissão', que chega ao catálogo do Prime Video na sexta-feira, 27.
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Comportamento suspeito
José Masi, ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo e o responsável pelo caso na época, relatou ao Estadão que "desde que chegaram ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), o comportamento deles não me convenceu. A Suzane e o Daniel trocavam beijinhos ao se cruzarem no corredor, um chamava o outro de benzinho, um comportamento que não era esperado de quem tinha acabado de perder pai e mãe."
Logo, não notando qualquer sinal de desespero ou preocupação com o futuro por parte de Suzane, o delegado decidiu fazer uma nova inspeção no lixo da residência dos von Richthofen, quatro dias depois do crime. Como resultado, se deparou com caixas vazias das joias da família, que teriam sido "roubadas" por supostos criminosos.
A Suzane se aproximou e pediu para ficar com a caixa de joias como uma recordação. Nesse momento, tive a clara percepção de que ela sabia onde estavam as joias 'roubadas'", lembrou Masi, de acordo com o UOL.
Problemas superados?
Ricardo Guanaes, delegado do Departamento de Homicídios, e que esteve no local do crime logo após o ocorrido, contou também ao Estadão que "quando chegamos à casa, vimos o local e conversamos com um tio dela, e ele achou esquisito o irmão não ter deixado ligado o alarme."
O tio também mencionou as discussões entre Manfred e Suzane, que ocorriam principalmente devido à desaprovação do pai a respeito do relacionamento da filha com Daniel Cravinhos, "mas ele disse que isso já havia sido superado". Porém, quando o delegado foi se dirigiu até casa do rapaz com sua equipe, algo que chamou atenção foi uma aliança de noivado no dedo de Suzane.
Se o problema do namoro estava superado, por que a aliança do noivado logo depois da morte dos pais?", questionava Guanaes na época.
Participação de Suzane
No dia do crime, o trio assassino sabia que Manfred e Marísia estariam dormindo, quando invadiriam a casa. Suzane adentrou primeiro a propriedade, certificou-se de que tudo seguia conforme o plano, e, então, chamou os outros dois criminosos, que usavam meias-calças na cabeça, para esconder o rosto, e luvas cirúrgicas, para não deixar impressões digitais. Daniel atacou Manfred, e Cristian matou Marísia.
Enquanto o casal era assassinado no quarto, Suzane se ocupava alterando todo o cenário, para parecer que a mansão fora invadida por assaltantes, espalhando as joias da mãe pelo local.
Depois, trocaram de roupa, desfizeram-se dos trajes ensanguentados e das armas do crime, e deixaram a casa de carro — Cristian foi deixado perto de sua casa, e o casal foi para um motel.
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Uma hora depois, Suzane saiu do local, buscou o irmão mais novo, Andreas, em um cibercafé — deixado propositadamente para não atrapalhar o plano — e, uma vez em casa, seguiu a encenação do assalto, e só depois acionou a polícia.
Eventualmente, as investigações levaram os três a confessarem os crimes, e assim foi concluído um dos crimes mais hediondos da história recente do Brasil. Em 2006, Daniel e Suzane foram condenados a 39 anos e seis meses de prisão e Cristian a 38 anos e seis meses, todos por homicídio triplamente qualificado.