Confira as regras estabelecidas pelo Vaticano para investigar fenômenos sobrenaturais e aparições
Aventuras Na História
Quando falamos em filmes de terror, um dos subgêneros mais amados pelo público, indiscutivelmente, é o de possessão demoníaca. Desde o clássico 'O Exorcista' (1973), de William Friedkin, até os vários longas que inspirou com o passar das décadas, esses filmes são razão para deixar tanta gente de cabelo em pé, pois, para muitos, o medo de alguma força ou evento "sobrenatural" é real, por diversas crenças.
Ao longo da História existem relatos famosos de exorcismos, muitos, inclusive, foram investigados de perto pela própria Igreja Católica.
Dessa forma, muitos podem se questionar: em que ocasiões a Igreja Católica ainda investiga fenômenos sobrenaturais?
Novas regras
Em maio deste ano, o Vaticano divulgou novas regras para "discernir sobre aparições e outros fenômenos sobrenaturais", justamente para evitar que muitos fiéis sejam prejudicados por avaliarem de maneira equivocada possíveis condições de saúde.
No documento, assinado pelo próprio papa Francisco, o Dicastério para a Doutrina da Fé diminui consideravelmente o alcance da natureza "sobrenatural" de supostos fenômenos.
Com isso, nem mesmo o bispo local ou o Vaticano podem emitir uma "declaração sobre o caráter sobrenatural do fenômeno", de forma que apenas o papa poderia emitir algo do tipo, e somente "de forma totalmente excepcional".
São previstas "seis possíveis decisões" para se encontrar uma solução que ajude o bispo a conduzir uma investigação sobre um possível evento sobrenatural. Além disso, o Dicastério passaria a ter um envolvimento mais explícito na Doutrina da Fé, assumindo também a função de aprovar ou não a decisão final do bispo, antes de poder dar continuidade ao processo até chegar ao papa.
Segundo as novas regras, a Igreja poderá discernir se é "possível encontrar nos fenômenos de presumida origem sobrenatural a presença de sinais de uma ação divina; se nos eventuais escritos ou mensagens daqueles que são envolvidos nos presumidos fenômenos em questão nada exista de contrastante com a fé e os bons costumes; se seja lícito valorizar seus frutos espirituais ou se resulte necessário purificá-los de elementos problemáticos ou colocar de sobreaviso os fiéis quanto aos perigos deles derivantes; se seja aconselhável uma valorização pastoral por parte da Autoridade eclesiástica competente".
No documento, também é alertado pelo Vaticano que as alterações foram tomadas para ser contra "a possibilidade de os fiéis serem arrastados atrás de um acontecimento, atribuído a uma iniciativa divina, mas que é apenas fruto da imaginação, do desejo de novidade, da mitomania", conforme repercute a ANSA.
"Um dos elementos para avaliar um fenômeno é prestar atenção aos supostos videntes, examinando sua honestidade e equilíbrio psíquico. Há também aqueles que se apresentam como curandeiros: se não vivem na graça santificante, é mais fácil fazer coisas estúpidas e usar esse seu dom para fazer mal", conclui o documento.
Negando relatos
Embora não sejam mencionados diretamente no documento do Vaticano, a decisão foi certamente tomada para contrariar um caso que chamou atenção neste ano. Se trata de uma estátua de Nossa Senhora, em Trevignano, pertencente à autoproclamada vidente Gisella Cardia, cuja dona relata que "chorava sangue" e que é local de aparição ocasional da própria Virgem Maria.
Gisella Cardia, inclusive, realiza encontros mensais com centenas de fiéis, sempre no terceiro dia de cada mês, e alega que nesses encontros a estátua chora lágrimas de sangue, e que a Virgem Maria faz aparições com mensagens de esperança.
Vale mencionar ainda que este não é o único relato, dentro ou fora da Itália, de santas que "choram" sangue que conquistou vários fiéis e grande atenção da mídia.