Conversas de estudante da USP que desviou dinheiro de formatura são reveladas
Aventuras Na História
A estudante Alicia Dudy Muller, que desviou quase R$ 1 milhão dos fundos arrecadados para a festa de formatura da turma de medicina da USP, está enfrentando 72 representações criminais por estelionato. A polícia enviou os laudos dos celulares apreendidos com a jovem ao Ministério Público e à Justiça.
De acordo com informações do g1, o Instituto de Criminalística analisou dois celulares, um smartwatch, além de cartões bancários e um HD externo, que devem ser devolvidos em breve à suspeita.
Por outro lado, um tablet que foi adquirido por ela com dinheiro do fundo da formatura, será leiloado e terá o valor arrecadado destinado a entidades beneficentes, conforme sugeriu a investigação.
Conversas com conhecidos
Após a divulgação do caso, Alicia conversou com amigos sobre sua situação e nas mensagens demonstrou arrependimento e afirmou estar "vivendo um inferno". Ela mencionou também suas tentativas de recuperar o dinheiro através de apostas na Lotofácil.
O pior de tudo foi no primeiro jogo já ter feito 14 pontos. Foi a única vez que isso aconteceu inclusive (eu tenho os comprovantes, não recebi nem metade do que foi noticiado). Mas então tipo: eu tinha na minha cabeça aquilo de tipo: vai dar, vou ganhar, vou reaver o dinheiro vai dar certo”, disse Muller.
“Pq foi tão perto, que parecia real e mto próxima a possibilidade de ganhar, e era o único jeito de eu conseguir o dinheiro da formatura”, escreveu a estudante, conforme a fonte. "Eu passava o dia fazendo conta pra tentar ganhar, sabe? E perdi o dinheiro tanto da formatura quanto o meu mesmo nisso.”
Quando o caso ganhou repercussão, no mês de janeiro, houve comentários de que a jovem teria saído do país. No entanto ela estava em São Paulo. "Não to fugida vivendo nos Estados Unidos. Tô dentro de casa vivendo o próprio inferno”, escreveu ela.
Uma coisa que eu vi, eu os prints que estão mandando né, por exemplo: cara, é incrível, tipo como as pessoas aumentam e fazem é...tipo vinculam coisas que não são assim, sabe. Tipo em nenhum momento eu criei uma empresa falsa pra fazer isso, sabe", declarou.
Tipo não foi uma coisa premeditada e uma coisa pensada pra fazer dessa forma. Tipo o CNPJ que eu tenho é CNPJ de MEI que eu abri em setembro, outubro do ano passado que foi quando comecei a trabalhar, tipo curso pra residência, sabe. O meu salário era pago via emissão de nota, então tipo eu tive que abrir um MEI."
Apostas
Com o dinheiro dos colegas em posse, no mês de abril do ano passado, a estudante fez várias apostas na Lotofácil, totalizando R$ 461 mil.
Em julho, ela solicitou R$ 891,5 mil em apostas, mas fez uma movimentação muito inferior na tentativa de enganar os funcionários da lotérica. As conversas de Alicia com a operadora de caixa foram recuperadas, revelando que ela tentou convencer a funcionária a fazer apostas sem o conhecimento do chefe. A lotérica registrou o caso na polícia.
Você faria os jogos pra mim amanhã? Mesmo se não desse pra eu pagar o pix no dia?”, questionou. "Ele [chefe da caixa] não precisa saber na hora [sobre a aposta]. Pelo amor de Deus”, comentou a aluna da USP em outro trecho.
Mas é que agora eu só penso que tenho que pagar 190 mil de um dinheiro que eu perdi. Não vou pagar isso. Mas não quero que seja você que pague”, escreveu.
De acordo com o portal de notícias, a situação gerou grande estresse à funcionária, que estava grávida e chegou a temer pelo emprego devido à confusão.
Prisão preventiva
No começo de fevereiro, a polícia solicitou a prisão preventiva da estudante, mas a Justiça rejeitou o pedido. O Ministério Público concordou com a decisão, argumentando que o caso era de estelionato, e não de apropriação indébita, que é como a estudante havia sido indiciada. Foi solicitada uma lista de prejuízos individuais dos alunos e cada vítima precisaria mostrar interesse em representar pelo crime.
A fonte explica que, na apropriação indébita, uma pessoa recebe de forma legal a posse de um bem da vítima, mas posteriormente se apropria dele de forma irregular. Já no caso do estelionato, a má-fé ocorre antes da posse do bem e induz a vítima a um engano.