Coreia do Sul investe R$ 1,8 bi para combater 'epidemia de solidão'
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A cidade de Seul, na Coreia do Sul, está investindo US$ 327 milhões (cerca de R$ 1,8 bilhões) em um plano para combater a crescente epidemia de solidão.
No ano passado, foram 3.661 "mortes solitárias", após 3.559 em 2022 e 3.378 em 2021, informou o Ministério da Saúde e Bem-Estar em dados divulgados na última semana. O termo abrange qualquer pessoa que viva isolada socialmente, distante da família ou parentes, e faleça em decorrência de suicídio ou doença.
Segundo a CNN, o governo pretende implementar uma linha de apoio 24 horas, além de visitas presenciais e consultas, para ajudar pessoas isoladas a se reconectarem socialmente. Outras iniciativas incluem serviços psicológicos, espaços verdes, atividades sociais e um sistema para identificar residentes isolados.
A solidão e o isolamento não são apenas problemas individuais, mas tarefas que a sociedade deve resolver em conjunto. A cidade mobilizará toda a nossa capacidade municipal para ajudar pessoas solitárias a se curarem e retornarem à sociedade”, disse o prefeito de Seul, Oh Se-hoon, em comunicado à imprensa.
Cultura sul-coreana
À CNN, especialistas reconheceram as novas políticas de Seul como um passo importante, mas apontaram que a solidão no país está profundamente enraizada em fatores culturais difíceis de alterar.
A sociedade coreana valoriza intensamente a realização pessoal e o sucesso, o que impõe uma enorme pressão sobre os indivíduos para atingirem metas elevadas, explicou An Soo-jung, professor de psicologia na Universidade Myongji, ao veículo. Quando não conseguem alcançar esses padrões, muitos se sentem inadequados, especialmente ao se compararem aos outros, gerando um ciclo de isolamento e frustração.
Na Coreia, a solidão não está diretamente ligada à ausência de relacionamentos, mas à sensação de não estar contribuindo o suficiente para a sociedade. Mesmo pessoas com vida social ativa podem se sentir solitárias se acreditarem que não estão cumprindo as expectativas coletivas, afirmou Soo-jung.
Outros fatores, como o aumento de lares unipessoais, a diminuição das interações sociais fora do trabalho e da família, e a influência das mídias sociais, também contribuem para o agravamento do problema.