Desenho em caverna que pode ter sido feito há 500 anos intriga pesquisadores
Aventuras Na História
Em Porto Rico, durante visita de pesquisadores nas 11 cavernas diferentes na Isla Grande, foram coletados 61 pigmentos em arte pictográfica, além de um desenho de leão que estima-se ter sido feito por um africano escravizado levado pelos espanhóis há 500 anos. Todos os achados citados foram apresentados na reunião GSA Connects 2023, da Sociedade Geológica da América, ocorrida em Pittsburgh, nos Estados Unidos, no último dia 18, após serem divulgados no dia anterior em um comunicado.
Com a finalidade de identificar a data do pigmento nas pinturas, os estudiosos envolvidos nesse projeto refinaram a datação das artes rupestres. Vale destacar que, anteriormente, pesquisas datavam essa arte baseadas nas idades que os artefatos próximos das cavernas possuíam. Apesar disso, esse método de datação não podiam indicar precisamente o momento real em que as obras foram produzidas.
Cavernas
Segundo repercutiu a revista Galileu, em Porto Rico, as cavernas são compostas de três tipos de arte, podendo citar os petroglifos, que são aqueles entalhados na rocha, os piroglifos, feitos a partir dos restos queimados de objetos e os desenhos de caverna, chamados também de pictogramas.
Com relação aos desenhos pictográficos, Angel Acosta-Colon, geofísico da Universidade de Porto Rico (UPR), comenta que eles são feitos em material orgânico preto, que é bom para a realização da datação por radiocarbono. Além disso, o geofísico informa que os pictogramas se tratam de recursos limitados, que, quando tocados, podem sofrer alterações em sua composição.
Amostras
Dentre as amostras coletadas para a pesquisa, as mesmas foram enviadas para o Centro de Estudos de Isótopos Aplicados (CEIA) da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, com a intenção de realizar uma datação por carbono-14.
Deve-se ressaltar que os primeiros pictogramas de formas abstratas e geométricas foram datados de 700 a 400 a.C., período que coincide com a Era Arcaica. Sobre isso, Acosta-Colon diz:
Isso é muito importante para nós, porque quando a Invasão Europeia chegou a Porto Rico, eles colocaram em um documento que nossa população pré-colonial estava lá por apenas 400 a 500 anos".
"Portanto, isso prova que estávamos aqui [milhares] de anos antes da Invasão Europeia, e isso está documentado na ciência, não na arqueologia de contexto", completa.
Durante os estudos, foram encontrados ainda desenhos com formas simples de corpos humanos feitos entre 200 e 400 d.C.. Além disso, desenhos de seres humanos mais detalhados e animas, criados entre 700 e 800 d.C., também foram localizados.
Entre os desenhos encontra-se a imagem de um leão, que intrigou os pesquisadores pelo fato de Porto Rico não possuir animais do tipo. Assim, Acosta-Colon e o arqueólogo Reniel Rodríguez, seu colega, supõem que o bicho pode ter sido visto pelos africanos escravizados levados por espanhóis até ilha.