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Desfez a abolição: Quando Napoleão restabeleceu a escravidão nas colônias francesas
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Desfez a abolição: Quando Napoleão restabeleceu a escravidão nas colônias francesas

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Aventuras Na História
20/05/2023 11h00
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©Getty Images
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Em 1794, o governo da França decidiu abolir o sistema escravocrata em meio ao espírito da Revolução Francesa, que estava então em sua metade.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, afinal, um importante documento inspirado pelos princípios iluministas que guiou a ideologia revolucionária do país, determinava que um dos direitos imprescritíveis do homem era a liberdade.

Essa postulação, por sua vez, não era compatível com o tráfico de pessoas que eram sequestradas da África e submetidas a trabalhos forçados na Europa e nas Américas. 

Vale acrescentar que, segundo informado pelo portal Opera Mundi, a decisão da abolição também é pesadamente influenciada pela Revolução Haitiana, uma insurreição de escravizados da Ilha de São Domingues iniciada em 1791 que mergulhou a colônia francesa em uma guerra civil.

O desdobramento sem dúvida mostrou às autoridades francesas o poder que uma revolta de escravizados podia ter, e como isso era uma ameaça ao domínio que exercia em diversos territórios ultramarinos — o que configurava um argumento persuasivo em relação à libertação dos povos africanos que haviam sido feitos cativos. 

Pintura representando batalha da Revolução Haitiana / Crédito: Domínio Público

 

Assim, em 1794, a França iniciou sua primeira tentativa de abolição. Infelizmente, não seria bem-sucedida: o Senegal, outra de suas colônias, voltaria a adotar o trabalho escravo em 1799. Em 1802, ninguém menos que o imperador Napoleão Bonaparte desfez a lei que havia empurrado a prática para a ilegalidade, efetivamente reintroduzindo o sistema escravocrata nos territórios sob seu controle. 

Legado napoleônico 

Napoleão Bonaparte foi um líder político e militar que converteu a nação francesa em um poderoso império, empreendendo um ambicioso projeto expansionista que, através da força de seu exército, realizou a conquista e anexação de inúmeros locais. 

O contexto do reestabelecimento da escravidão pelo estadista foi o colonialismo: a fim de tentar garantir uma ocupação duradoura de algumas de suas terras conquistadas, era necessária muita mão de obra, e a África mais uma vez foi usada como fonte de trabalhadores braçais. 

Napoleão queria estender o império colonial francês para controlar o Caribe. Para colonizar o imenso território da Louisiana na América do Norte, ele precisava de trabalhadores. Então, ele reiniciou o comércio de escravos. Era uma estratégia colonial", explicou ainda Dominique Taffin, diretora da Fundação para a Memória da Escravidão, também entrevistada pelo DW. 

É relevante destacar que a figura histórica ainda hoje gera admiração por suas façanhas políticas, contudo, segundo pensa Louis-Georges Tin, ativista que em 2021 atuava como presidente do Conselho Representativo das Associações Negras (CRAN), não estamos dando atenção suficiente às partes sombrias do período napoleônico:

A decisão de restabelecer a escravidão não é apenas uma mancha no legado de Napoleão, é um crime. Como alguém cujos antepassados foram escravizados, não consigo entender por que continuamos a celebrar a memória de Napoleão como se nada tivesse acontecido (...) A França não pode ser o país dos direitos humanos e celebrar alguém que cometeu crimes contra a humanidade. Isso não faz sentido", apontou ele ao site DW em ocasião do bicentenário da morte de Napoleão, ocorrido em 2021. 
Pintura representando navio envolvido no tráfico de escravos / Crédito: Domínio Público

 

Essas ações por parte do imperador, afinal, tiveram consequências devastadoras para as vítimas do tráfico negreiro, que voltaram a ter suas vidas regidas por um sistema desumano, e apenas seriam libertas em definitivo no ano de 1848. 

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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