Do naufrágio ao impressionante estado de conservação: A saga do navio de guerra Vasa
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O navio mais tecnológico e poderoso de sua época, enorme e cheio de belas decorações, naufragou, para o horror de seus construtores. Não, não estamos falando do Titanic: o Vasa, navio de guerra sueco do século 15, não foi exatamente um sucesso em seus dias, mas hoje serve de recurso para historiadores navais e arqueólogos, preservado em um museu em Estocolmo, na Suécia.
O navio Vasa foi encomendado pelo rei suecoGustavo II Adolfo para ser o maior empreendimento da marinha da Suécia. Ele era adornado por entalhes e esculturas de madeira que contavam histórias sobre a família real sueca, especialmente sobre o rei.
O rei Gustavo II Adolfo era considerado um grande comandante militar, tendo uma participação importante na Guerra dos Trinta Anos. O navio de guerra refletia isso e foi desenhado para comportar 36 canhões, mas o rei insistiu para uma maior capacidade. Quando zarpou para o mar, o Vasa carregava 64 canhões, número nunca visto.
Trágico naufrágio
De acordo com um artigo do Museu Smithsonian de 2017, o Vasa afundou 20 minutos depois de começar a navegar. O jornalista Lucas Laursen escreveu para a revista Archaeology que o naufrágio do navio não aconteceu “nem perto de um inimigo”. Na verdade, quem assistiu ao desastre foi o público sueco. O navio de guerra mais ambicioso da Europa até então foi direto para o fundo do mar, levando 30 pessoas junto.
O mundo da administração até hoje usa “síndrome de Vasa” como um nome para projetos que, por erros humanos de comunicação e administração, acabam falhando. Especialistas têm debatido por séculos quais foram os motivos do naufrágio.
Alguns acreditam que o navio afundou porque seu convés de armas era muito pesado, já que ninguém ali tinha experiência em construir um navio tão cheio de canhões. Além do excesso de armamentos pedido pelo rei Gustavo Adolfo, a construção como um todo foi adiantada pelo monarca, que apressou o término da obra do navio de guerra.
As muitas decorações em madeira também podem ter servido para deixar o navio mais pesado do que o indicado, valorizando mais a estética do que a engenharia necessária para o navio ser viável.
Sucesso da arqueologia
O que é um sucesso e um fracasso pode mudar de acordo com a perspectiva. Filmes, livros e discos que vendem mal na estreia podem se tornar clássicos cult depois de alguns anos. No caso do Vasa, hoje ele é uma dádiva para arqueólogos que pesquisam história naval e a Suécia do período.
A água do Mar Báltico, fria e pobre em oxigênio, ajudou a conservar a madeira do navio, protegendo-a de bactérias e larvas que poderiam digeri-la, como explica Lucas Laursen. Desde seu naufrágio, no dia 10 de agosto de 1628, até hoje, o Vasa se mantém com um nível de preservação impressionante para uma estrutura com quase 400 anos.
O navio foi recuperado em 1961 com aproximadamente 95% de sua madeira intacta, e o processo de preservá-lo levou quase três décadas. Agora que a estrutura está estável, os pesquisadores podem trabalhar mais a fundo para entender porque o Vasa afundou.
Os restos do barco se encontram em um museu especial só para o navio, o Vasa Museum, que fica em Estocolmo, capital da Suécia. De acordo com a instituição, o navio é o único do século 17 que se encontra preservado, e ainda serve de fonte para muitos estudos históricos e arqueológicos. Seus canhões nunca foram usados em batalha, mas hoje o Vasa é uma arma nas mãos da ciência para entender melhor a história da Suécia.
O canal do museu Smithsonian fez um vídeo para mostrar o navio exposto em Estocolmo que você pode assistir abaixo: