Egito: Entenda a polêmica sobre a restauração da Pirâmide de Miquerinos
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Recentemente, um grupo de arqueólogos do Egito e do Japão iniciaram o “projeto monumental do século”, nas palavras de Mostafa Waziri, o líder da administração de antiguidades egípcias. Eles trabalham na restauração do revestimento externo de granito da Pirâmide de Miquerinos, no Egito.
Com 62 metros de altura, a Pirâmide de Miquerinos é a menor das três pirâmides do planalto de Gizé. Ao seu lado está a Esfinge e as pirâmides de Quéops, de 138 metros, e Quéfren, de 136. Encomendada pelo faraó Miquerinos, a pirâmide foi construída entre os anos de 2.540 e 2.520 a.C. para servir como sua tumba.
Em um vídeo compartilhado no Facebook por Waziri, é possível observar os trabalhadores posicionando blocos de granito na base da pirâmide que, desde um terremoto, estavam espalhados ao redor do monumento histórico. Originalmente, a Pirâmide de Miquerinos era revestida por 16 blocos de granito.
Conforme repercutido pelo UOL, a restauração do ponto turístico levará cerca de três anos e, segundo Waziri, será “o presente do Egito ao mundo do século 21”. Contudo, a reforma da pirâmide não foi bem recebida por todos.
Polêmicas
Em uma entrevista concedida à AFP, uma das principais egiptólogas do país, Monica Hanna, descreveu o projeto como “absurdo”. “Agora só falta cobrir a Pirâmide de Miquerinos com azulejos!”, ironizou Hanna.
A especialista também se pronunciou em seu Facebook, ao afirmar que “todos os princípios internacionais para renovação proíbem tais intervenções”, e argumentou que não existem indícios de que os blocos de granito tenham sido posicionados sobre a pirâmide. “Portanto, qualquer tentativa de revestir os blocos ao redor da pirâmide é uma interferência flagrante no trabalho original dos construtores.”, concluiu a especialista.
Um dos motivos que levou à restauração do monumento é a importância do turismo para o Egito, conhecido mundialmente como 'país das pirâmides'. Segundo um levantamento do Banco Mundial, 13 milhões de turistas visitaram o país em 2019, que emprega 1 em cada dez egípcios.
Alguns críticos também argumentam que a restauração da Pirâmide de Miquerinos é realizada em um momento desfavorável para o país, que passa por uma recessão econômica. De acordo com informações do portal de notícias egípcio National, o Egito enfrenta o desafio de reembolsar US$ 32 bilhões (R$ 157 bilhões) em empréstimos estrangeiros.
A dívida, vale mencionar, é agravada pela elevação da inflação e pela queda no comércio no Canal de Suez, uma das principais fontes de receitas para o governo egípcio. Apesar disso, o líder do projeto, Waziri, rebateu as críticas em uma entrevista, onde ressaltou que a primeira fase do projeto será financiada pelo Japão.