Inscrições em fragmentos de pedra revelam como era a linguagem antes dos vikings
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Ao reunirem os fragmentos de uma pedra contendo inscrições de letras germânicas, arqueólogos acabaram revelando como era a língua nórdica antes da era viking.
Assim, pesquisadores da Universidade de Oslo, na Noruega, descobriram que os fragmentos antigos se encaixavam "como um quebra-cabeça", sugerindo que a escrita pode ter sido "separada intencionalmente".
As descobertas, detalhadas em artigo publicado na revista Antiquity, ajudam a lançar luz sobre os aspectos rituais da escrita em pedra germânica primitiva, como também sobre a evolução das runas — as letras usadas nas línguas nórdicas antes da adoção do alfabeto latino.
Conforme recorda o The Independent, as runas mais antigas foram usadas até meados do ano 700 d.C.; no entanto, a forma como essas letras se originaram e evoluíram é um mistério até então.
O desenvolvimento da escrita rúnica e a prática de inscrever runas em pedra são difíceis de rastrear", explica a coautora do estudo Kristel Zilmer, professora de runologia na Universidade de Oslo, ao Independent.
Material analisado
Segundo a publicação, os fragmentos analisados foram descobertos durante escavações em um cemitério em Svingerud, na Noruega, realizadas entre 2021 e 2023. Os pedaços encontrados em túmulos separados foram datados entre 50 a.C. e 275 d.C., e ajudam a fornecer um contexto mais antigo para as escrituras rúnicas.
O estudo aponta que as escritas, uma "mistura incomum de runas e outras marcações", foram feitas em uma única pedra original grande, que depois "foi intencionalmente fragmentada, espalhada e incorporada em enterros posteriores". Formando assim uma espécie de "quebra-cabeça".
As pedras rúnicas provavelmente tinham intenções cerimoniais e práticas", explica Zilmer.
"O campo do túmulo e a pedra original elevada sugerem uma intenção comemorativa e dedicatória, enquanto o uso subsequente em um sepultamento separado ilumina expressões pragmáticas e simbólicas posteriores".
As descobertas levantam muitas questões, como, por exemplo, se os símbolos não identificados preenchem a lacuna entre a escrita decorativa e uma forma antiga de escrita na região. Os arqueólogos também estão perplexos sobre o motivo pelo qual a grande pedra rúnica foi fragmentada e espalhada por muitos túmulos.
"Este é um raro exemplo de descoberta de fragmentos rúnicos em contextos arqueológicos bem preservados e datáveis", aponta Steinar Solheim, outro autor do estudo.
"É de grande importância para as discussões sobre as primeiras pedras rúnicas escandinavas e também serve como um lembrete para os arqueólogos investigarem minuciosamente os fragmentos de pedra encontrados em contextos de sepulturas e procurarem por possíveis inscrições", finalizou.