Em Cuba, manifestantes pedem fim das sanções dos EUA contra o país
Aventuras Na História
Milhares de cubanos participaram de manifestações sob os lemas "não somos terroristas, tirem-nos da lista" e "acabem com o bloqueio", em protesto contra as sanções impostas pelos Estados Unidos a Cuba.
A principal mobilização da chamada "Marcha do Povo Combatente" ocorreu na última sexta-feira, 20, em Havana, diante da embaixada americana, e contou com a presença de Raúl Castro e do presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez. Eventos culturais e protestos simultâneos também foram realizados em diversas cidades do país.
Em um breve discurso antes da marcha, Díaz-Canel destacou que a manifestação simbolizava a resistência do povo cubano em defesa de sua soberania, apesar dos obstáculos impostos pelo bloqueio econômico. Ele criticou o presidente dos EUA, Joe Biden, por não cumprir a promessa de retirar Cuba da "lista de países que patrocinam o terrorismo" e afirmou que a inclusão do país na lista é "falsa e imoral".
Segundo Díaz-Canel, grupos paramilitares treinados nos EUA promovem ações terroristas contra a ilha, enquanto o governo cubano coopera ativamente no combate ao terrorismo. As informações são do portal Brasil de Fato.
A marcha
Convocada em 14 de dezembro, a marcha foi retomada após anos sem realização e reuniu cerca de 500 mil pessoas, segundo o governo. Ao longo do dia, milhares de manifestantes caminharam pelo Malecón de Havana, acompanhados por batucadas e apresentações artísticas.
Para participantes como Sergio Jorge Pastrala, professor universitário, acusar Cuba de patrocinar o terrorismo é uma afronta às ações de solidariedade do país, como a luta contra o apartheid e campanhas de alfabetização. Ele argumentou que o bloqueio prejudica diretamente a população, limitando o acesso a itens essenciais. A médica Katria Trujillo reforçou o impacto na saúde pública, mencionando as dificuldades enfrentadas pelos hospitais para tratar doenças graves, especialmente em crianças.
Embargo
Há mais de seis décadas, Cuba vive sob o bloqueio econômico dos EUA, uma medida que busca enfraquecer a economia da ilha. Desde 1992, Cuba apresenta anualmente à ONU uma resolução contra o embargo, aprovada por ampla maioria.
Este ano, pela 32ª vez consecutiva, 187 países votaram contra o bloqueio, que a ONU classificou como "um crime contra a humanidade" e "uma violação sistemática dos direitos humanos". Apenas os Estados Unidos, Israel e alguns aliados ocasionais votaram a favor da medida.
Segundo a ONU, entre março de 2023 e fevereiro de 2024, o bloqueio gerou perdas de US$ 5,5 bilhões para Cuba, agravando as dificuldades econômicas de um país onde mais de 80% da população viveu toda a sua vida sob o embargo.