Entenda novidade do caso Pelicot que pode prender marido de vítima
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Nesta segunda-feira, 25, um promotor solicitou a pena máxima de 20 anos de prisão para Dominique Pelicot, francês de 71 anos acusado de dopar sua esposa, Gisèle Pelicot, por quase uma década para cometer atos sexuais enquanto ela estava inconsciente. O caso, marcado pela gravidade e perversidade, atraiu atenção mundial.
Pelicot admitiu os crimes, que incluíam permitir que outros homens também abusassem de sua esposa enquanto ela estava sedada. Durante o julgamento, a procuradora pública Laure Chabaud afirmou que "a pena máxima de 20 anos é insuficiente diante da gravidade e da repetição dos atos cometidos".
O julgamento, que envolve 51 acusados — um deles julgado à revelia —, está em sua fase final. O promotor Jean-François Mayet destacou que este caso representa mais do que condenações individuais, sendo um marco para redefinir as relações entre homens e mulheres.
Muitos dos outros envolvidos alegaram não ter consciência de que estavam cometendo um crime, afirmando acreditar que participavam de fantasias consensuais do casal. As penas individuais para os acusados serão anunciadas nos próximos dois dias, e os veredictos e sentenças devem ser divulgados por volta de 20 de dezembro.
Resistência
Aos 71 anos, Gisèle Pelicot tornou-se um símbolo da luta feminista e do combate à violência sexual. "Estou muito emocionada", declarou ela à AFP ao chegar ao tribunal nesta segunda-feira.
Durante o julgamento, ela enfatizou a necessidade de uma mudança social profunda em relação ao estupro, classificando o processo como "o julgamento da covardia". Seus filhos, frutos do casamento com Dominique, também pediram punições severas para o pai e os outros agressores.
Embora pudesse ter solicitado um julgamento a portas fechadas, Gisèle optou por um processo público, visando encorajar outras mulheres a denunciarem crimes semelhantes. Vídeos apresentados durante as audiências mostram a vítima completamente imóvel e, às vezes, roncando, enquanto era abusada pelo marido e outros homens.
Mobilização nacional
O caso provocou indignação generalizada na França. No último fim de semana, milhares de pessoas participaram de manifestações em diversas cidades exigindo leis mais rígidas contra a violência de gênero. Alguns cartazes faziam referência direta a Gisèle.
Os protestos, organizados por mais de 400 grupos, ocorreram na véspera do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, celebrado nesta segunda-feira.
A advogada de Dominique Pelicot, Beatrice Zavarro, declarou que não ficou surpresa com a solicitação da pena máxima por parte dos promotores, considerando a gravidade do caso.
A repercussão global e a ampla cobertura da imprensa — com 140 veículos credenciados, incluindo 57 internacionais — evidenciam a relevância do julgamento para o debate sobre direitos das mulheres e justiça.