Estruturas e sepulturas celtas, eslavas e neolíticas são descobertas na República Tcheca
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Recentemente, arqueólogos do Centro Arqueológico de Olomouc desenterraram na cidade de Přerov, na República Tcheca, um sítio histórico bastante significativo para a história da região.
Realizada em uma área de 250 metros por 15 metros, a escavação, que ocorreu entre setembro e novembro, revelou vestígios de três grandes períodos culturais da região: um cemitério de cremação celta, sepulturas eslavas e um antigo assentamento do neolítico.
Com o fim dos trabalhos de campo, as descobertas já foram transferidas até o Centro Arqueológico de Olomouc, onde está sendo analisado. "No total, 51 sepulturas e mais de 300 estruturas de assentamento foram examinadas. Agora enfrentamos a tarefa de analisar e conservar os artefatos e compilar um relatório detalhado da escavação. Os artefatos serão entregues ao Museu Comenius em Přerov", afirma o arqueólogo chefe, Marek Kalábek, em comunicado.
Veja mais detalhes sobre a descoberta:
Descoberta
Um dos achados mais relevantes e únicos no local foi um cemitério de cremação celta da cultura La Tène, com um total de 33 sepulturas, datado dos séculos 3 a.C. e 2 a.C.. Somente por isso, o local já conta com a maior concentração de cremações celtas de toda a Morávia central.
Vale mencionar que, ao contrário da maioria dos locais de sepultamento celtas encontrados pela região, onde encontram-se principalmente restos de esqueletos, a necrópole em questão exibe várias práticas de cremação, que é muito menos documentada na área.
Esta é uma descoberta excepcional porque as sepulturas celtas de outros locais são tipicamente esqueléticas e em menor número", comenta Kalábek no comunicado.
Destas 33 sepulturas, um enterro em especial era mais proeminente, identificado como pertencente a um guerreiro e membro da elite. Isso porque ele estava acompanhado por uma espada de ferro guardada em uma bainha de couro, uma lança e um cinto, repercute o Archaeology News.
"A espada de ferro de dois gumes era usada em combate ou para defesa. Outros túmulos eram mais simples, contendo itens como fíbulas de bronze, vasos de cerâmica e ferramentas de ferro. Esses enterros modestos oferecem insights raros sobre a vida dos celtas de classe baixa. Por meio dessas descobertas, obtemos informações únicas sobre indivíduos cuja existência era anteriormente apenas escassamente evidenciada", acrescenta Kalábek.
Porém, como só restaram pequenos fragmentos ósseos após a cremação, os pesquisadores não conseguem realizar análises aprofundadas sobre os indivíduos, como a causa da morte ou hábitos locais. Porém, graças ao formato da fíbula característico, bem como o artesanato encontrado no local, as descobertas puderam ser datadas com melhor precisão, conforme explica o antropólogo Lukáš Šín, também no comunicado.
Mas além do cemitério celta, a escavação também revelou algumas sepulturas relativas ao Grande Império Morávio, um antigo reino eslavo, datadas do século 9 e 10 d.C.. Essas sepulturas, por sua vez, continuam esqueletos enterrados conforme os costumes tradicionais de sepultamento cristão, com os corpos orientados para o oeste e com as pernas estendidas.
Os arqueólogos destacaram na descoberta uma sepultura dupla e um sepultamento de uma mulher em um esquife de madeira, o que é raro, pois materiais orgânicos como a madeira costumam se decompor com facilidade. Havia também nessa sepultura um recipiente de cerâmica, um kit para acender fogo e uma foice de ferro com cabo de madeira "excepcionalmente bem preservado", descreve Šín.
As demais sepulturas dessa época, porém, eram mais modestas, com itens mais simples como pequenos brincos de bronze, facas de ferro e outros kits para fazer fogo. Possivelmente, de acordo com os arqueólogos, essas pessoas eram fazendeiros de vida mais humilde.
Por fim, a camada mais antiga do sítio histórico data do período Neolítico, em torno de 5.000 a.C., sendo associada à cultura da Cerâmica Linear. Referentes a eles, foram encontradas mais de 300 estruturas, como casas longas, fossos de armazenamento — posteriormente reutilizados como depósitos de resíduos — e fornos, e artefatos como cacos de cerâmica, ferramentas de sílex, machados de pedra polida e pedras de amolar.
"Além da cerâmica abundante, descobrimos ferramentas de sílex e moinhos de pedra para moer grãos. Esses artefatos nos ajudam a entender melhor a vida diária das sociedades pré-históricas", comenta, por fim, Marek Kalábek.