EUA: Museu irá devolver amostras de cabelo de 700 crianças indígenas
Aventuras Na História
Na intenção de realizar uma retratação histórica com diversas crianças indígenas, o Museu Peabody, da Universidade Harvard, localizado nos Estados Unidos, informou no último dia 10 de novembro que irá devolver as amostras de cabelo de 700 crianças — que guardavam há mais de 80 anos — para as famílias e aldeias de onde vieram.
Após tanto tempo guardando amostras, o Museu postou um pedido de desculpas por ter colaborada de forma negativa “na objetificação dos povos nativos e por mais de 80 anos de posse de cabelos retirados de seus parentes”.
Reconhecemos que, para muitas comunidades nativas americanas, o cabelo tem significado cultural e espiritual”, escreveu a instituição.
Amostras de cabelo
O antropólogo George Edward Woodbury recolheu as amostras de cabelo ao redor do mundo entre 1930 e 1933. Conforme repercutido pelo Galileu, Woodbury doou as amostras ao museu em 1935.
A instituição declarou que provavelmente as mechas sejam parte de 300 grupos nativos. “Muitas dessas amostras têm os nomes das crianças cujos cabelos foram retirados, bem como sua afiliação de grupo indígena”.
Woodbury guardou as amostras, que nunca foram exibidas ao público, dentro de envelopes registrando as seguintes informações dos seus donos: nome da pessoa, “grau de sangue”, sexo, grupo étnico e idade.
Ainda segundo a fonte, as 700 crianças que tiveram o cabelo cortado frequentavam antigos colégios de internato para indígenas nos Estados Unidos.
NABS
A National Native American Boarding School Healing Coalition (NABS), um grupo que simboliza as crianças que conseguiram sobreviver ao programa de internato dos colégios indígenas, se pronunciou sobre o caso ao divulgar um comunicado falando que "somos novamente lembrados da história racista e colonial que beneficiou diretamente instituições como a Universidade de Harvard”.
Além disse, a NABS solicitou "respostas significativas, urgentes e contínuas às práticas extrativas e desumanizadoras de coleta, tão comumente vistas nas ciências antropológicas, arqueológicas e museológicas”.
Um representante da instituição, que não teve a identidade divulgada, cedeu uma entrevista ao The New York Time informando que o museu já está entrando em contato com os grupos indígenas para começar a devolução.