Home
Notícias
'Excluída' da Independência: Joana Angélica, a abadessa que não se curvou para soldados portugueses
Notícias

'Excluída' da Independência: Joana Angélica, a abadessa que não se curvou para soldados portugueses

publisherLogo
Aventuras Na História
05/09/2023 19h12
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/images/photos/15752771/original/open-uri20230905-18-cfvbjd?1693941841
©Wikimedia Commons
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

Joana Angélica (1761-1822), por sua vez, tentou, literalmente, barrar o autoritarismo português. Num ato de extrema bravura, a abadessa do Convento da Lapa, em Salvador, se pôs à porta principal do claustro, ordenando que as irmãs escapassem pelos fundos da construção, e anunciou aos invasores: “Detende-vos, bárbaros, aquelas portas caíram aos vaivéns de vossas alavancas, aos golpes de vossos machados, mas esta passagem está guardada pelo meu peito, e não passareis, senão por cima do cadáver de uma mulher!”, explica o Dicionário Mulheres do Brasil.

A tentativa de impedir que as tropas portuguesas invadissem o convento, motivadas pela suspeita de que as freiras escondiam adversários, terminou com seu assassinato por um golpe de baioneta desferido por um soldado. 

Ela tinha 60 anos. “Ao contrário de Quitéria, a atuação de Joana Angélica foi circunstancial. Desde 1781 era religiosa franciscana, no Convento da Lapa, em Salvador, o que indica condição social mais privilegiada”, observa Cecilia, referindo-se à filha de José Tavares de Almeida e Catarina Maria da Silva, família rica da capital baiana.

É sabido que os soldados do brigadeiro Madeira de Melo, chefe do Exército português que combatia, na Bahia, as milícias brasileiras pró independência, antes de invadirem o Convento da Lapa, por volta das 11 horas de 20 de fevereiro de 1822, já haviam saqueado tudo o que encontraram pelo caminho naquela manhã. 

Maria Quitéria, primeira mulher no Exército brasileiro / Crédito: Wikimedia Commons

A abadessa, uma das mais antigas residentes, encarou corajosamente o arrastão, e, por esse motivo, chamou os inimigos de bárbaros. O ato criminoso calou fundo na alma da Bahia. Homens atrozes contra religiosas indefesas. Filho da terra algum poderia digerir tamanha desumanidade. 

A versão portuguesa do trágico episódio alega que agentes pró-independência haviam se escondido no convento e atirado nos soldados de dentro do edifício. Historiadores brasileiros, contudo, afirmam que as tropas lusitanas invadiram diversos locais, praticando roubos e até mortes, com o pretexto de que tiros haviam sido disparados de dentro desses espaços, o que teria justificado as violentas represálias.

Apesar da inclemência com que os militares trataram a líder religiosa, acabaram poupando as outras freiras, que, aos prantos, foram autorizadas pelo comandante da operação a serem transferidas para o Convento da Soledade, nas proximidades da região.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também