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Exilado e anti-nazista: Quem foi o príncipe que reinventou a Europa?
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Exilado e anti-nazista: Quem foi o príncipe que reinventou a Europa?

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Aventuras Na História
14/06/2023 23h11
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Otto von Habsburgo nasceu em uma das famílias mais poderosas da Europa, em 20 de novembro de 1912 tanto que, se tivesse, de fato, chegado ao trono, ele teria governado por cerca de 89 anos — ultrapassando o recorde de Luís XIV. Mas por que ele não tomou seu lugar no trono real Austro-Húngaro?

Na verdade, o membro da família real passou toda sua vida no exílio, após seu país ter virado uma república. Mas se engana quem acha que Otto abandonou seu povo, já que mesmo longe, ele continuou a lutar por seu povo. No entanto, a causa cujo ele mais se dedicou fora outra: a união e a paz do continente Europeu. Otto de Habsburgo foi um dos idealizadores de planos que futuramente vieram a se tornar a União Europeia.

Além disso, o príncipe ainda lutou contra ideais nazistas, lutou pelo fim do comunismo e por toda a vida defendeu que a união (e não a guerra) pode enfim levar ao progresso de uma sociedade. O pesquisador Paulo Rezzutti conta um pouco da história do membro da família real em seu canal no Youtube e explica detalhes da vida de Habsburgo.

Origem real

Otto foi filho do arquiduque Carlos I da Áustria e da esposa, Zita de Bourbon-Parma, que foi uma princesa italiana descendente de portugueses. Mas há curiosidades em sua linhagem, já que Otto também teve alguns traços sanguíneos com a família imperial brasileira.Paulo Rezzutti comenta sobre isso:

Uma coisa curiosa é o Otto descendia do nosso rei Dom João VI de Portugal, pelos dois lados da família. A mãe de Carlos I, ou seja, a avó do príncipe, era neta da rainha D. Maria II de Portugal, portanto, era bisneta do Dom Pedro I aqui do Brasil. E a avó materna dele era a filha mais nova de Dom Miguel, o irmão mais novo do Dom Pedro”.

Além de uma linhagem toda baseada em grandes impérios, Otto era sobrinho do arquiduque Francisco Ferdinando, mas como ele se casou com alguém que não tinha linhagem real, seus descendentes não podiam tomar o lugar do pai no trono. Quando ele foi morto em 1914, Carlos I se tornou o herdeiro direto da dinastia. E assim o trono foi passando até chegar em Otto.

Otto de Habsburgo, o herdeiro do trono Austro-Húngaro - Crédito: Wikimedia Commons, sob licença Creative Commons

O exílio da família

Após alguns anos como rei, Carlos I teve que deixar que seus súditos escolhessem como queria que o país fosse governado, como resultado do final da Primeira Guerra Mundial. Mas o que ele não esperava é que a população escolhesse a República, e logo, o monarca não concordou com a decisão. Após reivindicar a decisão algumas vezes, o Parlamento austríaco resolveu fazer algo a respeito.

O órgão emitiu um decreto que bania os Habsburgo do país, a menos que os integrantes da família jurassem lealdade à República. Então, a família continuou morando na Suíça, onde já estavam há um breve período de tempo. Ainda nesse período, Otto recebeu uma educação muito boa, ainda na adolescência, ele se tornou fluente em 7 idiomas: alemão, húngaro, croata, inglês, francês, espanhol e latim.

Otto de Habsburgo e seu pai, Carlos I - Crédito: Wikimedia Commons, sob licença Creative Commons

Os pais de Otto foram exilados para a Ilha da Madeira, bem longe da Europa, pelos países vencedores da Primeira Guerra, já que enxergavam Carlos I e Zita como ameaças ao estado Húngaro (já que eles não desistiam da tentativa de voltar ao trono). Os filhos só se juntaram aos pais somente 4 meses depois, em fevereiro de 1920.

A trajetória de Otto

No entanto, a família sofreu com a perda de Carlos I pela pneumonia em 1922, assim “o filho mais velho, o Otto, de apenas 9 anos, se tornou o chefe da casa imperial dos Habsburgo”, afirma o pesquisador. Na Bélgica, anos depois, em 1929, Otto frequentou a universidade e se graduou em ciências políticas e sociais, sendo o primeiro chefe de sua casa imperial a conseguir um diploma de nível superior. Anos depois, ele também conseguiu o doutorado.

Foi nesse último período, segundo Rezzutti, que Otto começou a se interessar pelo Pan-Europeísmo — movimento que buscava unir a Europa, em todos os aspectos, culturais ou políticos.

O ideal desse movimento era de que somente a união dos países poderia criar uma paz duradoura no continente”, conta Paulo.

Na década de 1930, Otto se filia à União Pan-Europeia. Dentre os integrantes da organização, estavam nomes como Albert Einstein, Sigmund Freud e outras importantes personalidades.

Anti-nazista

Após conseguir eliminar o banimento dos Habsburgo na Áustria, o membro real ainda lutou contra o nazismo, e principalmente contra a anexação do território austríaco pela Alemanha. “O Hitler ficou tão irritado que, por causa da raiva dele com o Otto, ele nomeou o plano de anexação da Áustria pela Alemanha como Operação Otto”, revela Rezzutti.

Após a anexação do território, Habsburgo se ofereceu para voltar como chanceler do seu país para liderar a resistência. Logo após isso, Hitler o condenou à morte e retirou a cidadania austríaca dele e da família, reinstaurando a lei do banimento, que só foi retirada em 1995. Muitas organizações foram criadas por ele, algumas dando certo e outras não.

Otto se casou em 1951 com a princesa Regina de Saxe-Meiningen e tiveram 7 filhos. Habsburgo passou 20 anos sendo membro do Parlamento europeu pela Alemanha, até se retirar da vida política devido à problemas de saúde. Em seu período de parlamentar, ele foi um dos responsáveis pela expansão da União Europeia.Otto de Habsburgo (nome utilizado como político) faleceu na Alemanha em 4 de julho de 2011, aos 98 anos.

Funeral de Otto de Habsburgo com representantes da União Pan-Europeia segurando a bandeira do movimento - Crédito: Wikimedia Commons, sob licença Creative Commons


Paulo Rezzutti

Para saber mais detalhes sobre a história do corajoso príncipe, confira o vídeo oficial do canal do pesquisador Paulo Rezzuti, em parceria com o Aventuras na História. Confira o vídeo:

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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