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Galeão San José: As verdadeiras riquezas do 'Santo Graal dos naufrágios'
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Galeão San José: As verdadeiras riquezas do 'Santo Graal dos naufrágios'

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Aventuras Na História
20/03/2024 20h45
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Em 1698, no auge da era da exploração marítima europeia, foi lançado o poderoso e imponente galeão San José, um navio espanhol de 40 metros que contava com 64 canhões. No entanto, sua história não seria tão longa, tendo naufragado logo em 1708, em uma batalha na ilha de Barú, ao sul de Cartagena, Colômbia.

A partir de então, o que faria do navio tão conhecido pela história não seria sua imponência quando ainda resistia, mas sim o que teria naufragado junto de si. Além de 600 passageiros e tripulantes, ele também transportava um grande tesouro que incluía 11 milhões de moedas de ouro e prata, esmeralda e algumas outras cargas preciosas em valor histórico e cultural. 

Desde então, o tesouro foi considerado perdido, mas nunca deixou de despertar curiosidade naqueles que conhecem sua história. Porém, graças aos avanços recentes da tecnologia, ele finalmente pôde ser encontrado e, atualmente, está em processo de retirada do fundo do mar. Porém, isso também levanta a questão: afinal, quem tem direito ao tesouro?

+ 'Santo Graal dos naufrágios' pode começar a ser retirado do fundo do mar em abril

Trecho de vídeo mostrando o interior do San José / Crédito: Divulgação/ Vídeo/ Presidência da Colômbia 

Buscas pelo naufrágio

Segundo um artigo publicado no The Conversation, de Ann Coats, professora associada de história marítima da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, a empresa de salvamento norte-americana Sea Search Armada fez um acordo em 1979 com a Colômbia de que, depois que encontrasse o naufrágio, os lucros seriam divididos igualmente entre as duas partes.

Eventualmente, eles compraram a Glocca Morra Company, que acreditava ter descoberto o naufrágio de San José em 1982. Porém, em 2007, o Supremo Tribunal dos EUA decidiu que a Colômbia deveria ser a detentora dos direitos sobre os itens considerados patrimônio cultural nacional. Quaisquer outros itens poderiam ser divididos pela metade entre o governo e a Sea Search Armada.

Porém, em 2015, o então presidente colombiano, Juan Manuel Santos, contestou o local que a empresa americana buscava os destroços de San José. Na época, ele confirmou que a verdadeira localização tinha sido descoberta pela marinha da Colômbia, com a ajuda de consultores britânicos de arqueologia marítima e do Instituto Oceanográfico Woods Hole, em águas colombianas.

+ A confusão que causou o naufrágio e o tesouro perdido: a história do Galeão Nuestra Senõra de las Maravillas

Fotografia do galeão San José afundado / Crédito: Divulgação/ Vídeo/ Presidência da Colômbia

Divisão do tesouro

Porém, após a confirmação do novo naufrágio, a Espanha e o Peru também reivindicaram propriedade sobre o tesouro, considerando que o San José era um navio de propriedade espanhola, e que as riquezas que transportava eram criadas por trabalhadores indígenas peruanos escravizados. Descendentes destes indígenas peruanos e de trabalhadores africanos escravizados também reclamaram posse.

Vale mencionar que nessa época, a Espanha foi quem colonizou onde hoje são os territórios da Colômbia, do Peru e da Bolívia, depois que o Tratado de Tordesilhas (de 1494) dividiu o novo território americano entre Espanha e Portugal. Nesse processo, grande parte da cultura indígena local foi destruída — por isso, muito se debatia que o tesouro de San José deveria ser reservado para criar um legado cultural em compensação a esse passado.

+ Dividindo o 'Novo Mundo': os 527 anos do Tratado de Tordesilhas

O verdadeiro tesouro

Embora muito se debata sobre a divisão do tesouro de San José, o arqueólogo náutico Ricardo Borrero afirma no documentário 'San José: um naufrágio que vale bilhões no fundo do oceano' da BBC que o "valor real do navio é seu valor histórico e o seu potencial para fornecer muitas informações se fizermos as perguntas adequadas".

Esse pensamento, por sua vez, é apoiado também pelo ministro da cultura da Colômbia, Juan David Correa. Para ele, o valor do naufrágio é, na verdade, patrimonial, e não monetário: "a história é o tesouro".

De fato, muito se discute na comunidade de arqueologia náutica sobre como descobrir e explorar o naufrágio poderia ajudar a descobrir mais sobre como era a vida das pessoas a bordo do San José. Para tanto, um estudo da vida cotidiana, da carga, da artilharia e das mercadorias da era colonial da América seria crucial, segundo o arqueólogo colombiano Carlos Reina Martínez, do Instituto Colombiano de Arqueologia e História.

Por isso, muito se espera que os próximos esforços de recuperação e preservação do tesouro de San José não se torne mais uma disputa por poder, mas sim uma oportunidade para que as vozes há tanto tempo silenciadas possam, finalmente, ser compensadas e novamente ouvidas.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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