Governo húngaro avalia proibir Marcha do Orgulho LGBT+: 'Proteção infantil'

O governo húngaro está implementando restrições à tradicional marcha do Orgulho LGBT+ de Budapeste, que ocorre há quase 30 anos, alegando que o evento não deve "dominar os espaços públicos" por questões relacionadas à "proteção infantil".

Gergely Gulyas, chefe de gabinete do primeiro-ministro Viktor Orban, fez as declarações durante uma sessão de informações governamentais nesta quinta-feira, 27, conforme comunicado divulgado pelo Escritório de Comunicação Internacional do Primeiro-Ministro.

Embora Gulyas não tenha detalhado as medidas específicas, ele anunciou propostas de alteração na constituição do país, que incluirão a redefinição de gênero como sendo "biologicamente masculino ou feminino" e a determinação legal de que "o direito da criança ao desenvolvimento físico, mental e moral prevalecerá sobre outras considerações".

'Local fechado'

Na quarta-feira, 26, a Reuters havia noticiado que Gulyas declarou que a Marcha do Orgulho deste ano deveria ocorrer em um "local fechado", em vez de percorrer as ruas centrais de Budapeste, como nas edições anteriores.

O evento Budapest Pride, por sua vez, afirmou em um comunicado que já está organizando sua 30ª edição da marcha do Orgulho, que será realizada em junho. Os organizadores disseram que os "ataques" à comunidade LGBT+ por parte dos governantes são "nada mais do que teatro político para seu próprio benefício”.

"A tarefa do governo não deve ser restringir ainda mais as liberdades básicas do povo húngaro, mas encontrar soluções reais", afirmaram. O lema da marcha deste ano será "We are (home)" — "Nós somos (lar)", em tradução livre —, disseram os organizadores, acrescentando que houve "incontáveis" tentativas de proibir a marcha ao longo dos anos, todas sem sucesso.

"No final, o Orgulho é uma manifestação, seja com vinte ou com dezenas de milhares de pessoas, mas ela acontecerá. Não estamos apenas lutando pela Marcha do Orgulho de Budapeste ou pela comunidade LGBT+ – estamos lutando pelo direito de todos os húngaros de protestar, expressar suas opiniões e se defender”, afirmaram.