Há quatro anos, raríssimas múmias de filhote de leão eram encontradas no Egito
Aventuras Na História
O leão era um animal importante para a cultura da antiga civilização egípcia, assim como é revelado em diversos vestígios históricos do Antigo Egito. Outro detalhe é que essa sociedade passada, além de mumificar pessoas, aplicava o processo de preservação dos restos mortais para muitos animais.
Apesar disso, encontramos pouquíssimos exemplos de múmias egípcias desses felinos. A primeira vez que algum foi desenterrado foi em 2004, porém ele não estava completo. Já a segunda, mais relevante, se deu em 2019, quando dois filhotes de leão mumificados completos foram descobertos durante uma escavação na antiga necrópole de Saqqara.
Com cerca de 8 meses na época de sua morte, é estimado que eles viveram durante a 26ª Dinastia do Egito (que se deu no período entre 664 a.C. e 525 a.C.). Dado que foram encontrados junto de outros felinos mumificados, é possível que tenham ligação ao culto de Bastet, a deusa dos gatos.
Na ocasião, vale mencionar, uma verdadeira miríada de artefatos foi revelada. Outros animais mumificados achados no mesmo local foram gatos, touros, crocodilos, cobras e íbis (um tipo de ave comum no Egito, entre outros lugares).
O leão desempenhou um enorme papel na iconografia do Egito antigo. O leão era um símbolo da autoridade real, mas imagens de leões também eram utilizadas em objetos do cotidiano, como cadeiras e camas. Pode ter sido puramente decorativo, mas é provável que houvesse um significado mágico relacionado à proteção", explicou o egiptólogo Conni Lord, envolvido na análise da descoberta, segundo repercutiu o National Geographic.
Também de acordo com o especialista, a aparente falta de múmias de leões na história das escavações do Antigo Egito é curiosa, uma vez que já sabemos que os egípcios eram "perfeitamente capazes" de mumificar animais de grande porte, como touros.
"O touro Ápis, um animal de culto, foi mumificado utilizando as melhores técnicas, incluindo a remoção dos órgãos", acrescentou ele.
A única diferença relevante seria que o mesmo processo seria mais desagradável de ser realizado com um leão em termos de odores, dado que, por conta de sua dieta de predador, ele provavelmente teria restos de carne podre em seu sistema digestivo.
Implicações
Com o desdobramento de 2019, os pesquisadores da civilização extinta puderam buscar mais respostas a respeito da relação mantida pelos egípcios com esses grandes felinos. Uma das dúvidas em aberto, por exemplo, é se os leões adquiridos pelas pessoas eram principalmente caçados ou então criados em cativeiro por figuras que se especializavam nisso.
Um fato importante de ser apontado, aliás, é que esses mamíferos costumavam habitar a região do Nilo na época do império egípcio, antes de mudanças climáticas tornarem a área menos propícia para a espécie. Esse é o motivo, portanto, pelo qual as pessoas do Egito tinham contato com leões.
Ainda conforme o National Geographic, esses majestosos animais eram por vezes criados como animais de estimação pela realeza. Associados a um estilo de vida de alto status, também existem relatos indicando que eles eram caçados por esporte por faraós, tal como Amenófis III, que se gabava de ter matado 102 leões durante sua primeira década no poder.