Hamilton Banana: O locutor brasileiro que entrou no Guinness ao ficar 4 dias no ar
Aventuras Na História
Em 1993, a então Jovem Pan 2, que depois removeria o número de seu título devido ao redirecionamento das atividades para a frequência de FM, emergia com diversas inovações na programação; entrava no ar o programa Pânico, que perduraria nas décadas seguintes como o principal humorístico da rádio brasileira, além de ganhar a moderna transmissão via satélite, chegando a ser chamada de Jovem Pan Sat durante a programação.
Para demonstrar a força de operação e atrair ainda mais audiência, a direção da rádio decidiu ir além ao ter acesso ao Livro dos Recordes da Guinness daquele ano. Na parte dos recordes de comunicação, um feito chamou atenção; um radialista italiano havia conseguido permanecer 99 horas e 9 minutos comandando a programação de uma emissora local, ininterruptamente.
Com auxílio do então diretor da rádio Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, popularmente conhecido como Tutinha, os locutores da emissora brasileira foram recrutados e passaram por um processo de seleção para bater tal recorde. Hamilton Vessi Theodoro, o DJ Banana, acabou se mostrando apto, tanto em interesse, quanto em exames, sendo escolhido para bater a meta, como revelou em entrevista ao programa Vitrine, da TV Cultura.
Para marcar a identidade radiofônica da emissora no livro dos recordes, Hamilton não deveria apenas ultrapassar a marca do italiano, mas alcançar 100 horas e 9 minutos, de forma que reproduzisse a frequência da rádio em São Paulo, representada por 100,9 MHz. Para o evento, um estúdio móvel foi instalado dentro do Shopping Paulista para que ouvintes pudessem ver, ao vivo, o locutor tentando bater o recorde mundial.
No ar
Ao longo dos dias, pessoas se juntavam e até mesmo tentavam acompanhar sua saga sem dormir ou largar o microfone, recebendo equipes de televisão para atestar a continuidade. Banana, por sua vez, contava com eletrodos instalados no peito, que mostrava para as câmeras de TV e para os ouvintes presenciais. A alimentação era feita de 2 em 2 horas para assegurar sua firmeza no recorde.
Para evitar o sono, Hamilton chegou a programar sequências de músicas para correr até um camarim e tomar um banho gelado, visando o choque térmico. A dificuldade aumentava conforme os dias se passavam, passando a revezar a operação de mesa com outros colegas de emissora para focar na locução.
O sono vem entre às 5 e 10 horas da manhã. Ele vem de uma maneira que, nossa, parece que você bebeu, que está bêbado! E se eu não cuidar, se eu fechar o olho, se eu não for no banheiro jogar uma água na nuca? Tem que ter essa coragem”, explicou, na hora final, ao ‘Aqui Agora’ do SBT.
A comemoração maior ocorreu quando Banana conseguiu ultrapassar, em um minuto, a marca anterior; já rouco e dividindo a locução com Emílio Surita aos gritos, conseguiu se levantar e estourar uma garrafa de espumante no estúdio, agradecendo a presença de todos e assegurando que se manteria por mais alguns momentos no ar. Hamilton, no entanto, não conseguiu ir além de 99 horas e 43 minutos, como atestado pelo Livro dos Recordes do ano seguinte.
Fraco e ainda mais abalado após os gritos de comemoração e luzes fortes de câmera, abraçou a esposa e passou a ser carregado por profissionais da saúde junto a funcionários da rádio nos corredores do shopping até uma saída de emergência.
Levado ao Unicor de ambulância, ele chegou a ser entrevistado após a internação, manifestando orgulho pelo feito, mesmo sem voz. O radialista se manteve no quadro da emissora até o ano de 2019, quando deixou o comando do programa ‘Planeta DJ’.