Home office maia? Escavação revela que a antiga civilização fabricava sal em casa
Aventuras Na História
Hoje em dia, para muitos, é quase um sinônimo de luxo a possibilidade de se trabalhar em casa. No entanto, mesmo entre povos antigos, como os maias, é possível perceber que o hábito já era comum, graças a descobertas recentes.
Uma escavação subaquática em Ta'ab Nuk Na, a maior salina do Parque Nacional de Payne Creek, localizado em Belize, possibilitou que arqueólogos descobrissem uma estrutura residencial do século 6, onde uma família vivia e produzia sal. A descoberta foi publicada em artigo na revista Antiquity na última sexta-feira, 7.
A pesquisa apresenta inicialmente edifícios residenciais de origem maia, destinados à produção de sal, que se encontram submersos em um lago na região. De acordo com o estudo, as construções ficaram debaixo d'água devido a elevação natural do nível do mar, visto que elas se encontravam em regiões de costa.
Tínhamos escavado salinas em outros locais de Payne Creek, mas a dúvida era se os trabalhadores viviam no local. Descobrir isso nos ajuda a entender a organização da produção de sal no auge da civilização maia clássica", disse a professora da Universidade Estadual de Louisiana, nos EUA, Heather McKillop, em comunicado.
Descobertas
A partir da coleta de dados e descobertas no local, como outros troncos de madeira e palha, não só informações sobre a arquitetura maia foram descobertas, como também costumes dos povos nativos da América Latina. Por exemplo, McKillop aponta que as famílias que ali viviam não só produziam sal, como também pescavam, preparavam e cozinhavam alimentos, praticavam marcenaria e fiavam algodão.
Inicialmente, ainda no século 6, a região abrigava apenas casas e famílias que realizavam essas outras tarefas. Foi só no século seguinte, por volta do ano de 650, que três cozinhas de sal e uma única e grande estrutura residencial foram construídas no local.
Isso aponta, também, que a produção de sal era inicialmente voltada somente àqueles que conheciam as técnicas, e utilizavam o produto dentro das residências. Foi só depois, com o excesso de produção, que o sal começou a ser comercializado com outras comunidades.
Acredita-se que, eventualmente, Ta'ab Nuk Na conseguisse produzir até mais de uma tonelada de sal por semana, visto que, como os responsáveis pela produção moravam no local de trabalho, o produto poderia ser feito o ano todo. Juntos, Ta'ab Nuk Na e outras salinas na região poderiam ter fornecido sal o suficiente para até 24 mil pessoas.