Instituto Brasil-Israel repudia falas de Nikolas Ferreira sobre o nazismo
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O Instituto Brasil-Israel (IBI) emitiu, nesta terça-feira, 1, uma nota de repúdio às declarações do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que associou a existência de partidos nazistas à liberdade de expressão e mencionou que há segmentos dentro da comunidade judaica que aceitam discursos negacionistas sobre o Holocausto.
A nota do IBI expressa preocupação com a disseminação de tal discurso e destaca que a liberdade de expressão não deve ser usada para justificar ideias que negam fatos históricos tão graves como o Holocausto. Além disso, o documento aponta que a fala do deputado mineiro tenta buscar uma suposta chancela de vítimas para legitimar o negacionismo.
Entrevista
De acordo com o portal Estado de Minas, a polêmica se originou de uma entrevista que Nikolas concedeu a um podcast no final do ano passado, na qual ele defendeu a utilização de apresentações humorísticas com piadas envolvendo negros, judeus e pessoas com síndrome de Down sob o pretexto de liberdade de expressão.
Esses trechos da entrevista foram resgatados recentemente e ganharam ampla circulação digital, gerando repercussão tanto nas redes sociais como em Brasília.
Em um dos trechos controversos, o deputado fez referência ao linguista americano Noam Chomsky para afirmar que há judeus que defendem o direito de grupos disseminarem informações questionando o Holocausto. A comunidade judaica, no entanto, rejeita o uso de sua liberdade de expressão para apoiar discursos negacionistas sobre esse trágico episódio histórico.
As declarações de Nikolas Ferreira provocaram debates acalorados nas redes sociais, e a expressão "Nikolas cassado" figurou entre os assuntos mais comentados do Twitter. Diante das controvérsias, o deputado federal André Janones (Avante-MG) anunciou que acionará a Procuradoria Geral da República (PGR) por considerar que as falas do parlamentar configuram apologia ao nazismo.
Confira a nota na íntegra
“Mais uma vez, a imprensa abre espaço – e, pior, o parlamento brasileiro também – para pessoas que insistem no discurso negacionista, sob a falsa bandeira da democracia. Dessa vez, trata-se do deputado federal Nikolas Ferreira, que defendeu a possibilidade do negacionismo do Holocausto, assim como a existência de partidos nazistas, com o argumento de que ‘o senso crítico’ seria suficiente para frear as consequências.
O deputado cita, ainda, um judeu que supostamente aceitaria a abertura de um partido nazista no Brasil. Mais uma vez, buscam a chancela da vítima para justificar negacionismo. Acionam o judeu imaginário para calar milhões de judeus reais.
A história expõe que se trata de falácias. Dar solo para o crescimento do negacionismo, do antissemitismo e de qualquer tipo de opressão ou preconceito traz consequências nefastas para a sociedade.
Mentira não é liberdade de expressão.
O Instituto Brasil-Israel repudias veementemente a fala do deputado, que falta com respeito às vítimas, aos sobreviventes e a todos que lutam para preservar a memória dos efeitos produzidos pelo nazismo.”
Instituto Brasil-Israel