Léon Monet: A saga do químico e irmão pouco famoso do pintor Claude Monet
Aventuras Na História
Quando se estuda a História da Arte, diversos nomes chamam bastante atenção, muitas vezes não somente pela qualidade de suas obras, como também pelos diferentes pioneirismos. Van Gogh e Edvard Munch com o Expressionismo, Picasso e o Cubismo, o Salvador Dalí e o Surrealismo... Mas o foco dessa vez será no impressionismo, muito bem representado pelo francês Claude Monet.
O nome do movimento, 'Impressionismo', foi adotado a partir de uma obra de Monet, 'Impressão, nascer do sol', feita em 1872. Porém, o artista não conquistou tanta relevância para a Arte sozinho, tendo vivido seus primeiros anos como pintor recebendo bastante ajuda de outra figura que, por conta disso, também é importante para a História da Arte: seu irmão mais velho, o químico Léon Monet.
Embora tenha sido amplamente ignorado pela posteridade, Léon foi um dos primeiros patronos do florescente movimento impressionista no século XIX. Ele não apenas apoiou seu irmão, também conhecido como "pai do impressionismo", mas também ajudou seus amigos pintores, incluindo Pierre-Auguste Renoir, Camille Pissarro e Alfred Sisley.
Mas agora, mais de um século depois de seus tempos áureos, ele finalmente será lembrado. O Musée du Luxembourg, localizado em Paris, na França, terá uma exposição de março a junho deste ano sobre Léon Monet e trará, além da fascinante coleção Impressionista do químico, uma pintura dele feita pelo próprio irmão, Claude, em 1874, nunca exposta.
Químico-artista
Léon nasceu em 1836, quatro anos antes de Claude, e era o filho mais velho de Adolphe e Louise-Justine Monet. Os dois meninos passaram seus primeiros anos em Paris antes de a família se mudar para Le Havre, na Normandia, por volta de 1845. Lá, o mais velho estudou como professor químico e acabou se especializando na área de corantes e pigmentos sintéticos usados para colorir tecidos — especialização conveniente, considerando-se o que a vida lhe aguardava!
Foi interessante ver que Léon estava interessado no lado químico dos pigmentos e corantes, enquanto Claude estava interessado no uso artístico da cor", disse Géraldine Lefebvre, curadora da nova exposição sobre o químico, ao The Guardian. "Léon tinha consciência da importância do trabalho de seu irmão e o apoiou quando ele era pobre e mal tinha dinheiro para comer."
Ou seja, enquanto Claude Monet ainda não era um nome relevante dentro do meio artístico, seu irmão já tinha um olhar inovador e via em seu irmão — e em outros companheiros artistas que ele tinha — um futuro promissor. E foi assim que começou a formar sua coleção, principalmente com obras impressionistas, que levou a exposições e permitiu que alguns artistas conquistassem notoriedade.
Relação entre irmãos
Embora toda a correspondência entre os irmãos Monet tenha desaparecido, Lefebvre disse que as cartas de Claude para sua esposa sugerem que Léontinha uma “inteligência viva e rápida” e era “cordial e franco”. No entanto, se desentenderam antes de Léon morrer, em 1917, em parte depois que o filho de Claude, Jean, trabalhou para o tio em sua fábrica em Rouen.
A exposição sobre Léon, por sua vez, contará com 20 obras de Claude Monet e outras de Renoir, Sisley, Pissarro e Berthe Morisot — decana e co-fundadora do movimento impressionista — além de pinturas de artistas menos conhecidos da Escola de Rouen. Porém, a pintura de mais destaque será inédita em exposições: um retrato de Léon que Claude pintou, mostrando-o com um chapéu-coco e um terno preto sombrio.
Sem contar que, fora as pinturas, a exposição também terá dois dos primeiros cadernos de esboços de Claude — um deles, iniciado quando ele tinha apenas 15 anos — que Léon comprou em leilão e depois assinou pelo irmão, também inéditos, e amostras de tecidos e de cores do trabalho do químico, além de produções mais pessoais como desenhos e fotografias dos irmãos Monet e sua família.