Libertação de integrantes da máfia siciliana preocupa famílias na Itália
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A libertação de mais de 20 mafiosos sicilianos nos últimos três meses gerou apreensão entre as famílias das vítimas e as autoridades italianas, que temem o retorno desses indivíduos aos bairros que antes controlavam.
Muitos desses chefes, ligados à organização criminosa Cosa Nostra, nunca renunciaram à máfia nem cooperaram com as autoridades judiciais. Alguns foram libertados por bom comportamento, enquanto outros retornaram à liberdade devido a atrasos nos processos judiciais, segundo o portal The Guardian.
Salvatore Borsellino, irmão do juiz antimáfia Paolo Borsellino, assassinado em 1992, expressou sua preocupação: "A libertação da prisão de mafiosos que sempre se recusaram a colaborar com a justiça é sempre extremamente perigosa. É um golpe fatal na luta contra a máfia."
Já Nino Morana Agostino, sobrinho de uma das vítimas da máfia, alertou: "Não podemos nos dar ao luxo de baixar a guarda na luta contra a máfia ou subestimá-la. Os mafiosos que foram condenados à prisão perpétua e que agora estão retornando à liberdade condicional ainda guardam segredos pesados sobre assassinatos não resolvidos da máfia que se recusaram a confessar. É por isso que sua libertação envia um sinal ruim."
Entre os libertados está Raffaele Galatolo, ex-líder do clã de Acquasanta, em Palermo. Conhecido por comandar a temida "câmara da morte", Galatolo foi solto após ser considerado um "detento modelo". Outros chefes também obtiveram liberdade condicional ou foram liberados devido à expiração dos prazos legais antes do julgamento, como Giuseppe Corona, cuja prisão preventiva se estendeu além do permitido.
Mudanças na legislação
As recentes mudanças na legislação italiana, que permitem a redução de pena por bom comportamento sem consulta aos promotores, preocupam especialistas como Federico Varese, da Universidade de Oxford. Ele afirma que essas medidas facilitam a reorganização da máfia.
As famílias das vítimas temem que os mafiosos recuperem prestígio dentro da organização por nunca terem delatado membros do clã. Segundo Varese, a adesão à máfia é um compromisso vitalício selado por um ritual que torna a saída quase impossível, exceto pela morte ou cooperação com o Estado. Assim, os recém-libertados provavelmente retomarão suas atividades criminosas, perpetuando o ciclo de violência e poder da máfia siciliana.