Lula relembra atos terroristas em Brasília: 'Impressão que era o começo de um golpe de Estado'
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O presidente Lula realizou nesta quinta-feira, 19, sua primeira entrevista exclusiva desde as manifestações antidemocráticas que destruíram Brasília em 8 de janeiro, usando a oportunidade para refletir sobre o papel de Bolsonaro no que ocorreu.
Eu fiquei com a impressão que era o começo de um golpe de Estado", afirmou o fundador do PT ao podcast O Assunto, da GloboNews, que é apresentado pela jornalista Natuza Nery.
Lula apontou então de que forma pensava que as declarações do último presidente teriam influenciado a decisão das centenas de golpistas de invadirem a sede do governo na ocasião:
Eu fiquei com a impressão, inclusive, que o pessoal estava acatando ordem e orientação que o Bolsonaro deu durante muito tempo. Muito tempo ele mandou invadir a Suprema Corte, muito tempo ele desacreditou do Congresso Nacional, muito tempo ele pedia que o povo andasse armado, que isso era democracia”, observou.
Miami
O político aclamado pela multidão que cometeu atos de terrorismo em 8 de janeiro, por sua vez, estava em viagem para os Estados Unidos durante o episódio. O atual chefe de Estado expressou ainda sua interpretação da situação:
A decisão dele de não passar a faixa para mim, de ir embora para Miami como se estivesse fugindo com medo de alguma coisa e o silêncio dele mesmo depois do acontecimento daqui, me dava a impressão que ele sabia de tudo o que estava acontecendo, que ele tinha muito a ver com aquilo que estava acontecendo”, especulou à GloboNews.
Lula acrescentou, no entanto, que isso apenas poderia ser comprovado através da realização de investigações, enfatizando que essa é apenas "sua impressão".
Falha de segurança
Por outro lado, o que o presidente considera como um "dado concreto" é que quem invadiu os prédios da praça dos Três Poderes sabia como se localizar no local: "As pessoas que vieram aqui conheciam o Planalto, conheciam a Câmara, conheciam o Judiciário", afirmou.
Em outro momento da entrevista, Lula ainda disse que houve "conivência" de alguém de dentro da sede do governo com os manifestantes radicais.
Eles entraram porque a porta estava aberta. Alguém de dentro do palácio abriu a porta para eles, só pode ter sido", disse.
Outro fato inegável para o presidente é que houve uma grave "falha de inteligência" por parte das forças de segurança pública no dia 8 de janeiro.