Maior iceberg do mundo encalha e colisão com santuário marinho na Antártida é evitada

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Há cinco dias, o maior iceberg do mundo, o A23a, está encalhado a cerca de 80 quilômetros da Geórgia do Sul, na Antártida, afastando o risco imediato de colisão com a ilha britânica. O bloco de gelo, que se estende por 3.360 quilômetros quadrados — mais de duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo — e pesa quase 1 bilhão de toneladas, tem sido monitorado pelo grupo de pesquisa British Antarctic Survey.
Desde dezembro, o A23a vinha se deslocando da Península Antártida em direção à Geórgia do Sul, impulsionado por correntes oceânicas. O temor dos cientistas era de que ele colidisse com a ilha ou ficasse preso em águas rasas próximas, o que poderia afetar o suprimento de alimentos para filhotes de pinguins e focas.
"Se o iceberg continuar encalhado, esperamos que não afete significativamente a vida selvagem local", afirmou o oceanógrafo Andrew Meijers, do British Antarctic Survey, em entrevista à BBC. As informações são do Estadão.
Nos últimos anos, icebergs que seguiram essa mesma rota pelo Oceano Antártico se fragmentaram, dispersaram e derreteram rapidamente. Entretanto, conforme se partem, essas enormes massas de gelo podem dificultar operações de pesca na região, tornando-as mais arriscadas.
O encalhe do A23a é mais um capítulo de sua longa trajetória. Em 1986, o iceberg se desprendeu da plataforma de gelo Filchner-Ronne e permaneceu preso no fundo do mar por três décadas. Nos últimos anos, começou a se mover para o norte, seguindo ao longo da costa da Península Antártida. No ano passado, ficou preso em um vórtice oceânico por oito meses antes de retomar sua jornada em dezembro, avançando cerca de 30 quilômetros por dia.
"O destino de todos os icebergs é morrer", afirmou Huw Griffiths, pesquisador a bordo de um navio de pesquisa polar britânico. "É muito surpreendente ver que o A23a durou tanto tempo e perdeu apenas um quarto de sua área." Originalmente, ele tinha 3.900 quilômetros quadrados, mas foi perdendo grandes pedaços de gelo ao se deslocar para águas mais quentes.
Segundo Meijers, o iceberg deve permanecer encalhado até que novas rupturas ocorram. "Em vez de um bloco de gelo puro e intacto, o iceberg já apresenta cavernas sob as suas bordas. Se o gelo por baixo estiver corroído pelo sal, ele vai se desintegrar sob estresse, e talvez vá para um lugar mais raso." A presença do A23a impacta diretamente o ecossistema marinho local, onde vivem corais, esponjas e lesmas do mar.
"Todo o seu universo está sendo destruído por uma enorme placa de gelo que está raspando o fundo do mar", explica Griffiths. "A curto prazo isso pode ser considerado catastrófico para essas espécies, mas é parte do ciclo natural da vida na região; enquanto destrói um lugar, ele fornece nutrientes e alimentos em outra parte."
Icebergs
Os icebergs se formam quando grandes blocos de gelo se desprendem de geleiras no continente, levando água doce e nutrientes para os oceanos. Embora esse processo seja natural, cientistas alertam que as mudanças climáticas podem acelerá-lo. Com o aumento das temperaturas na Antártida, mais icebergs podem se soltar e derreter rapidamente, alterando os padrões da vida marinha e da pesca na região.


