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Mandíbula de Caim: O quebra-cabeça literário que fascina gerações
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Mandíbula de Caim: O quebra-cabeça literário que fascina gerações

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Aventuras Na História
11/02/2023 13h00
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Uma das coisas que mais fascina a humanidade, há séculos, é um bom mistério. Seja no cinema, video-games, séries ou em livros, uma história bem contada com viradas surpreendentes e de cunho investigativo sempre desperta a curiosidade das pessoas, que logo se envolvem e querem descobrir mais e mais, até solucionar o caso.

Porém, no início da década de 1930 — ou seja, há quase um século! — um homem chamado Edward Powys Mathersmudou o mundo dos mistérios. Um compilador de palavras cruzadas nato, ele decidiu escrever um mistério policial com seis assassinatos entrelaçados em uma história de 100 páginas: 'A Mandíbula de Caim'.

Porém, o livro possui uma peculiaridade que apenas esse formato permite: as páginas dessa história foram impressas aleatoriamente. Dessa forma, não somente a narrativa, como também a ordem dos fatos se tornou um mistério, que envolve cada vez mais todos os leitores que se arriscam em organizar os acontecimentos.

Capa de 'A Mandíbula de Caim'
Capa de 'A Mandíbula de Caim' / Crédito: Divulgação/Amazon

O início do mistério

'A Mandíbula de Caim' foi finalmente publicado em 1934, mas sua importância para a literatura ainda estaria apenas começando. Apaixonado por enigmas, Edward Powys Mathersdesafiou a todos que se arriscassem em sua história a desvendar a ordem em que as páginas foram escritas originalmente.

"Existe uma ordem inevitável, aquela em que as páginas foram escritas", alerta a obra original; porém, aquilo viria a se tornar um dos quebra-cabeças literários mais difíceis de todos os tempos.

A tarefa imposta é simples, o problema é sua execução: além de organizar a história, é preciso adivinhar, também, quem foram as seis vítimas da história e seus respectivos assassinos. Até hoje, somente três pessoas são conhecidas por conseguirem realizar a façanha.

Dessas três, duas delas completaram o desafio ainda na época em que foi publicado, quando Torquemada — pseudônimo utilizado por Edward Powys Mathers — lançou o desafio com o prêmio de 25 libras para quem o concluísse. No entanto, logo após isso, o livro saiu de circulação e foi quase perdido para sempre, até que voltasse à tona novamente, só em 2016.

Mistério em novos tempos

Foi neste ano que o museu inglês Laurence Sterne Trust recebeu um exemplar de 'A Mandíbula de Caim' e, com isso, promoveu um resgate do mistério. Então, em 2019, conforme matéria da revista Veja, a instituição se aliou à Unbound, uma editora independente, e lançou o novo desafio.

Nele, as páginas foram enviadas a quem comprasse a obra em uma caixa, e quem entregasse as respostas, de acordo com os mesmos requisitos do passado, receberia um prêmio no valor de mil libras — o que, na cotação atual, seria equivalente à cerca de R$ 6.400,00.

Ao todo, doze pessoas tentaram, mas somente o escritor inglês John Finnemore foi bem-sucedido na tarefa, sendo a terceira pessoa a ter conseguido completar o desafio.

Mas, como hoje vivemos em uma era digital, é mais difícil que obras assim sejam perdidas, e tudo pode ser resgatado com uma pequena viralizada no Twitter ou TikTok. Exatamente assim foi que o livro se tornou uma febre novamente, no fim de 2021, quando a jovem estadunidense Sarah Scannell publicou, em seu TikTok, um vídeo tentando solucionar o mistério.

Veja no Tiktok
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@saruuuuuuugh Reply to @aglette i’m an injured procrastinator with 9 months to finish it’s gonna be a sec #fyp #cainsjawbone #booktok #mystery ♬ original sound - sarah

Depois disso, uma grande onda de pessoas começou a se mobilizar para tentar desvendar os segredos da história, de forma que a hashtag '#cainsjawbone' bombasse e a editora norte-americana lançasse uma nova impressão, com o fim dos exemplares.

E no Brasil?

No Brasil, 'A Mandíbula de Caim' foi publicado pela editora Intrínseca, tendo como objetivo o mesmo: desvendar a sequência das páginas e o próprio mistério policial. Na nossa edição, as páginas são destacáveis e é necessário o envio de uma folha de respostas, que vem com a mesma, à editora, por aqueles que tentarem resolvê-lo.

O gabarito está guardado a sete chaves e com acesso restrito. Os poucos que sabem as respostas tiveram de assinar um acordo de confidencialidade", explica o editor Lucas Telles.

Porém, embora o país também seja berço de grandes mentes, até hoje nenhum brasileiro conseguiu solucionar 'A Mandíbula de Caim'. Porém, não por falta de tentativa: imortal da Academia Brasileira de Letras, o escritor Marco Lucchesi, de 59 anos, tenta desvendar a história desde sua republicação em inglês.

"Esse livro jamais termina. Há quatro anos adentrei a narrativa. Já não consigo, nem pretendo, abandoná-la", escreve o poeta na apresentação da obra.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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