Musk pede para que alemães esqueçam 'culpa pelo passado' nazista e recebe críticas
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No último sábado, 25, Elon Musk, bilionário e CEO da Tesla, proferiu um discurso em um evento promovido pela Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema-direita do país, que gerou ampla repercussão negativa entre políticos e autoridades da Europa e de Israel. Durante sua fala, Musk incentivou os alemães a abandonarem o sentimento de "culpa pelo passado", de culpa "pelos pecados de seus bisavós".
É muito importante que as pessoas na Alemanha tenham orgulho de serem alemãs", declarou o empresário por meio de um telão.
Na mesma ocasião, grandes manifestações ocorreram em cidades como Colônia e Berlim, onde dezenas de milhares de pessoas se reuniram para protestar contra a AfD e a crescente influência da extrema-direita na Europa. Musk se tornou um dos alvos das críticas dos manifestantes, que condenaram sua aproximação com líderes autoritários.
Tema sensível
A questão da culpa histórica é um tema sensível na Alemanha, onde o legado do regime nazista é abordado com seriedade e rigor. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, expressou sua indignação nas redes sociais, afirmando que as declarações de Musk eram "perigosamente familiares" e ocorreram em um momento significativo, já que ocorreram dias antes do 80º aniversário da liberação do campo de concentração de Auschwitz.
Olaf Scholz, primeiro-ministro alemão, apoiou a crítica de Tusk ao afirmar: "Eu só posso concordar". Recentemente, Scholz havia enfatizado que o Holocausto representa uma "responsabilidade permanente" para a Alemanha. Em uma cerimônia anterior dedicada à memória das vítimas do Holocausto, ele reforçou que todos os alemães têm a obrigação de recordar os horrores do passado, "independentemente de história familiar, religião ou local de nascimento de pais e avós".
O premiê não mencionou diretamente Musk em suas declarações; no entanto, a conexão foi clara. O empresário já havia gerado controvérsia anteriormente com um gesto durante um evento nos EUA que muitos interpretaram como uma saudação nazista. A repercussão desse ato foi amplamente negativa, especialmente na Alemanha.
Dani Dayan, presidente do Memorial do Holocausto Yad Vashem em Jerusalém, destacou que "recordar e reconhecer o passado sombrio do país e do seu povo deve ser o foco da formação da sociedade alemã" e alertou que ignorar essa história representa uma ofensa às vítimas do nazismo e um risco à democracia contemporânea.