O que aconteceu com a esposa de Oppenheimer?
Aventuras Na História
Um dos filmes mais comentados na internet é a mais nova obra de Christopher Nolan, 'Oppenheimer' (2023). Retratando parte da vida de J. Robert Oppenheimer, o "pai da bomba atômica" — interpretado por Cillian Murphy —, o filme conquista o público.
"O físico J. Robert Oppenheimer trabalha com uma equipe de cientistas durante o Projeto Manhattan, levando ao desenvolvimento da bomba atômica", descreve a sinopse.
E, como já mencionado, Oppenheimer não foi somente uma figura importante na ciência, tendo também grande influência na criação da primeira bomba atômica, uma das armas mais poderosas e letais da história da humanidade.
O filme, entretanto, não apresenta somente o físico; outras figuras extremamente importantes, não só no contexto da Segunda Guerra Mundial e da Ciência, como também da vida pessoal de Oppenheimer, como a bióloga Katherine, que viria a se tornar esposa do "pai da bomba atômica".
O que o filme não retrata, porém, são maiores detalhes dos momentos finais da vida de Oppenheimer, que morreu em 1967 em decorrência de um câncer de laringe, deixando a esposa e dois filhos.
Katherine Puening
Katherine Oppenheimer, cujo nome antes de se casar com o físico era Katherine Puening — por vezes chamada só de "Kitty" —, foi uma botânica germano-americana nascida na cidade de Recklinghausen, na Alemanha, em 8 de agosto de 1910. No entanto, mudou-se para os Estados Unidos ainda pequena, aos 2 anos. Um fato curioso sobre sua família, é que eles possuem uma origem nobre, de maneira que ocasionalmente recebia cartas endereçadas a "Sua Alteza, Katherine".
Já adulta, Kitty passou a estudar na década de 1930, mas já em 1932 desistiu da universidade, e se casou com seu primeiro marido, o músico Frank Ramseyer. Porém, o relacionamento não durou muito e, em 1933, foi anulado no estado norte-americano de Wisconsin.
Posteriormente, em 1934, teve seu segundo casamento, com Joe Dallet, um jovem comunista com quem se mudou para a França, quando este se juntou às forças na Guerra Civil Espanhola. Porém, ele foi morto em combate alguns anos depois, em 1937, o que levou Kitty a voltar aos Estados Unidos, onde então estudou botânica na Universidade da Pensilvânia e garantiu o diploma em 1939.
Foi no mesmo ano, inclusive, que ela conheceu aquele que seria "o pai da bomba atômica". Nessa época, entretanto, já estava em seu terceiro casamento, dessa vez com o médico britânico Richard Harrison. Foi só ao longo do ano seguinte que o casal se separaria e, no dia 1º de novembro de 1940, Kitty se casou com Robert Oppenheimer. Eventualmente, se mudaram para Los Alamos, onde ocorria o famoso Projeto Manhattan.
Ação em Los Alamos
Logo após o casal passar a viver em Los Alamos — neste ponto, já com um filho, o pequeno Peter —, Kitty conseguiu o cargo de técnica de laboratório, sob a supervisão do Dr. Louis Hempelmann. Porém, um ano depois ela desistiu da posição, sentindo-se frustrada profissionalmente, visto que era uma botânica treinada. Por isso, preferiu ter uma vida social mais ativa, oferecendo coquetéis para outras mulheres em Los Alamos, pensando em fornecer um tipo de distração no ambiente marcado pela tensão.
No entanto, ainda assim ela contribuía muito para os trabalhos desenvolvidos, mesmo que não de maneira direta, sendo uma importante confidente de seu marido. Ele, que confiava na esposa, frequentemente pedia conselhos sobre diversas questões do Projeto Manhattan.
Foi também durante o tempo em Los Alamos que Robert e Kitty tiveram uma filha, Katherine "Tomi" Oppenheimer, que viveu ali até o casal decidir se mudar para Princeton, Nova Jersey, após a guerra.
Associação com o comunismo?
É importante lembrar que, após a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), o mundo ainda se viu envolto em outro grande conflito: a Guerra Fria (1947 - 1991). E nesse contexto, o maior vilão para os Estados Unidos era a chamada "ameaça comunista".
Kitty, quando casada com Joe Dallet, associou-se ao Partido Comunista da América. Esse passado voltou à tona durante uma audiência de segurança a Oppenheimer, em 1954, conforme recorda o National Museum of Nuclear Science & History. Na ocasião, ela foi questionada e monitorada por agentes de segurança, que a enxergavam como um elo entre Robert e o comunismo.
Em meio ao julgamento, tanto Robert quanto Kitty juraram lealdade aos Estados Unidos, em depoimento à Comissão de Energia Atômica, no entanto, o resultado dessa confusão forçou o físico a deixar a sua carreira no governo.
Fim de Oppenheimer
Após o julgamento, Kitty e Robert permaneceram juntos, e o físico seguiu em sua vida acadêmica, dessa vez trabalhando no Instituto de Estudos Avançados em Princeton. Além disso, toda a família também costumava passar alguns meses do ano na ilha de St. John, nas Ilhas Virgens, pois o calor ajudava na condição de Tomi, que tinha poliomielite.
E assim viveram até que Robert desenvolveu um câncer na laringe e, no início de 1967, veio a falecer. Uma cerimônia funeral privada foi feita para homenagear o homem, e foi Kitty quem espalhou suas cinzas no mar.
Depois de morte de Oppenheimer, já com os dois filhos adultos, Kitty decidiu morar junto de um amigo de longa data da família, o também físico Robert Serber, que trabalhou com o marido em Los Alamos, e que tinha perdido a esposa.
Juntos, planejaram realizar uma impressionante viagem de volta ao mundo em 1972, mas logo após embarcar, em outubro do mesmo ano, Kitty contraiu embolia pulmonar e faleceu em meio à aventura, aos 62 anos, na Cidade do Panamá.
A respeito das denúncias de associação ao comunismo, um fato interessante é que o 'pai da bomba atômica' foi inocentado apenas no ano passado. Entenda o que motivou a perseguição e como Oppenheimer foi inocentado.