O Sequestro do Voo 601: Veja a história real que inspirou série da Netflix
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Nesta quarta-feira, 10, chegou ao catálogo da Netflix a minissérie 'O Sequestro do Voo 601'. Com seis episódios, a produção acompanha o angustiante e intenso sequestro de uma aeronave colombiana por dois homens, em uma narrativa tensa e amedrontadora, do ponto de vista dos demais passageiros e tripulantes.
"Um sequestro em pleno voo, calor ardente, frio intenso e alguns disparos. Em meio ao caos, duas comissárias de bordo precisam enganar os sequestradores para sobreviver.", descreve a sinopse disponibilizada no próprio serviço de streaming.
Embora o roteiro dessa série pareça muito com uma narrativa digna de uma ação fantasiosa de Hollywood, é, na verdade, inspirado em uma história real. Confira a seguir os detalhes por trás da verdadeira história de 'O Sequestro do Voo 601':
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O sequestro
Era 30 de maio de 1973, quando a aeronave HK-1274 — da empresa colombiana Sociedad Aeronautica de Medellin (SAM) — decolou de Bogotá, com destino a Medellin. Porém, em uma escala em Pereira, dois homens misteriosos entraram no avião e anunciaram o sequestro.
Posteriormente, eles seriam identificados como Eusébio Borja (na época com 27 anos) e Francisco Solano Lopez (com 31). Aparentemente armados, eles intimidaram toda a tripulação da aeronave e seus passageiros, para que seguissem uma série de comandos.
A bordo, havia cerca de 84 pessoas. Sabiamente, considerando o grande número de vidas em jogo, o capitão Jorge Lucena obedeceu. Como primeiro comando, pilotou o avião em direção à ilha de Aruba, no Caribe. Duas horas depois, quando finalmente chegaram ao destino, que os sequestradores realmente revelaram suas exigências.
Objetivos
Borja e Lopez informaram aos tripulantes, para que comunicassem a seus superiores e às autoridades, que eles queriam US$ 200 mil em dinheiro, além da libertação de presos políticos mantidos em Socorro, na Colômbia.
No entanto, esse detalhe da libertação de presos políticos era apenas parte da estratégia dos sequestradores. Isso porque, graças a esse pedido, os olhos das autoridades deixaram de se voltar àqueles homens individualmente, e os consideraram como possíveis membros do Exército de Libertação Nacional (ELN), um grupo de guerrilha urbana que operava na Colômbia, explica o The Cinemaholic. E assim eles conseguiram preservar suas identidades nos meios de comunicação.
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Durante o sequestro, os homens também diziam carregar explosivos, e que não exitariam em destruir toda a aeronave com as pessoas a bordo, caso as exigências não fossem atendidas.
Mais uma vez, era uma estratégia: além de isso ser mentira, eles sequer carregavam armas reais, e, na verdade, muniam pistolas de festim, que serviam apenas para assustar — e convencer — aos reféns e às autoridades.
Negociação
Embora todo o plano de Borja e Lopez corresse aparentemente bem, os líderes políticos colombianos da época recusaram-se a negociar. Isso porque, nas décadas de 1960 e 1970, vários sequestros de aviões foram registrados na América do Sul. Ceder às exigências de uma dupla de sequestradores faria com que, possivelmente, o número de ações do tipo apenas aumentasse.
Por isso, o governo apenas ignorou o caso, e deixou o destino dos passageiros e da tripulação nas mãos dos negociadores da SAM. Inicialmente, o advogado da empresa, Ignacio Mustafa, ofereceu uma quantia de 20 mil dólares pela libertação, entretanto, os sequestradores negaram a oferta.
Algumas horas depois, porém, o sequestro finalmente chegou à imprensa colombiana, quando a dupla de sequestradores libertou cerca de 40 passageiros (grande parte mulheres e crianças), justamente para uma melhor divulgação.
Eles queriam, com isso, transmitir a ideia de que não planejavam ferir ninguém, e que todos ficariam em paz, contanto que as autoridades atendessem suas exigências.
Vale mencionar também que Borja e Lopes não permitiram que o avião permanecesse por muito tempo em um único local, para coibir a possível ação de uma operação de resgate.
Então, de volta a Aruba, autoridades propuseram pagar um total de US$ 50 mil. Após algum tempo de negociação, finalmente aceitaram a quantia.
Troca e fuga
Segundo o dmtalkies, a entrega ocorreu durante uma troca de tripulação e, quando Borja e Lopez conseguiram o dinheiro, instruíram o novo capitão, Hugo Molina, a levar a aeronave a outros lugares, onde libertariam os passageiros restantes em diferentes momentos.
Quando restavam apenas os dois e a própria tripulação, eles ordenaram que o capitão desligasse todas as comunicações. Era mais um truque. Antes de chegar a seu destino, que seria Buenos Aires, um dos sequestradores havia descido em Resistência, também na Argentina, e o outro em Assunção.
Segundo relatos, o capitão havia feito um "acordo de cavalheiros" com a dupla: pensando na segurança da tripulação, ele não informou às autoridades o desaparecimento dos homens, o que permitiu que Borja e Lopez não só escapassem, como também desaparecessem dos radares das autoridades.
Caçada
Depois que o avião e seus tripulantes finalmente estavam em segurança, as autoridades colombianas rapidamente começaram uma rigorosa caçada para tentar localizar e capturar os dois sequestradores.
Vale mencionar que sequer a aparência deles era conhecida, visto que eles usaram máscaras durante toda a operação (o que é diferente na série da Netflix). A luz no fim do túnel veio com Luis Reategui, um dos passageiros, que interagiu com os sequestradores.
Os criminosos se encontraram em Pereira, na Colômbia, de onde partiram em um novo voo com rumo a cidade natal que viviam, no Paraguai. Vale mencionar que eles tinham migrado para a Colômbia para tentar entrar em um clube de futebol, mas não obtiveram sucesso na empreitada, o que os levaria a sequestrar o avião, com objetivo de conseguir dinheiro para, também, abrirem um pequeno negócio.
Porém, Lopez foi detido pelas autoridades em Assunção, capital do Paraguai, enquanto estava escondido em um local alugado, próximo à residência de sua família. Dois anos após a prisão, foi levado para a Colômbia, onde foi então sentenciado a cinco anos de detenção. Passado esse tempo, o homem decidiu, então, viver de maneira mais discreta, e diz-se que ele provavelmente faleceu em um assalto fracassado, em um banco em Buenos Aires.
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Já Borja, nunca foi encontrado. Circularam alguns rumores da presença dele em uma ilha da Colômbia, mas ele nunca foi realmente capturado ou sentenciado. Bem, não seria impossível imaginar que ele possa agora assistir 'O Sequestro do Voo 601', e dar boas risadas, se elogiando por ter sua história contada em um sequestro extremamente bem-sucedido para si.