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Por que Albert Einstein aparece em ‘Oppenheimer’?
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Por que Albert Einstein aparece em ‘Oppenheimer’?

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Aventuras Na História
22/07/2023 03h00
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Oppenheimer está entre nós. O aguardado longa dirigido por Christopher Nolan sobre o pai da bomba atômica estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 20, e vem fazendo jus a expectativa de filme do ano.

+ Oppenheimer: 5 coisas para saber antes de assistir ao filme

Mas para quem assistiu, ou para quem ainda vai ver, uma participação no longa chama a atenção: o físico Albert Einstein (interpretado por Tom Conti). Embora tenha poucas cenas ao longo das três horas da produção, as interações entre Oppenheimer e o físico teórico alemão são incrivelmente profundas.

Sem muitos spoilers, Einstein atua como uma espécie de mentor ou confidente de Robert. Por isso, entender como o relacionamento deles surgiu, bem como a importância da teoria da relatividade espacial para a criação da bomba atômica, nos ajuda a compreender melhor o enredo no filme de Nolan.

Vale ressaltar que, considerando a aparição limitada de Einstein em cena, pode ser difícil entender as várias camadas da relação entre os físicos. Portanto, explicaremos por que o alemão foi tão importante no desenvolvimento da bomba atômica de Oppenheimer.

A teoria

Muitos ainda associam Albert Einstein à criação da bomba atômica de maneira incorreta. Principalmente pelo fato de que, em 1905, ele desenvolveu a equação mais famosa de todos os tempos: E = mc².

A Teoria da Relatividade Restrita afirma que a energia é igual à massa vezes a velocidade da luz (ao quadrado) — o que ajuda a explicar a energia liberada por uma bomba atômica; mas não é um manual de instrução para construí-la.

Conforme recorda o The Atlantic, em 1945, o próprio Einstein declarou: "Não me considero o pai da liberação da energia atômica". Quando saímos do campo da teoria para a prática, o alemão tampouco esteve envolvido no Projeto Manhattan.

Albert Einstein
Albert Einstein / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Segundo o American Museum of Natural History, isso não aconteceu, pois em 1940, o escritório de inteligência do Exército dos Estados Unidos negou a Albert a autorização de segurança necessária para trabalhar no Projeto. A explicação foi que o físico seguia uma política esquerdista. Desta forma, nenhum cientista envolvido teve a permissão de consultá-lo. Mas não é só esse o elo.

A famosa carta

Oppenheimer mostra que, em 1938, uma pequena equipe de cientistas alemães conseguiu dividir um átomo de urânio — processo conhecido como fissão, onde o núcleo de um átomo se divide em dois ou mais núcleos, liberando uma quantidade incrível e explosiva de energia.

Por conta disso, Einstein se preocupou com a possibilidade dos alemães usarem a descoberta para criar uma bomba colossal. Assim, semanas antes do início da Segunda Guerra Mundial, em 2 de agosto de 1939, ele assinou uma carta que o físico húngaro Leó Szilárd escreveu ao então presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt.

O documento, conhecido como carta Einstein-Szilárd, pedia para os norte-americanos se anteciparem em relação a isso. Mas os Estados Unidos só entraram de fato na Segunda Guerra em dezembro de 1941, após o ataque contra a base de Pearl Harbor. O Projeto Manhattan surgiu com o objetivo alertado por Einstein e Szilárd, em 13 de agosto de 1942.

Fac-símile da carta de Einstein-Szilard/ Crédito: Franklin D. Roosevelt Presidential Library & Museum

Em 1964, um artigo do The New York Times descreveu isso como a "carta que deu início a tudo". Mas Albert jamais esteve diretamente envolvido na fabricação da bomba real e sempre expressou suas profundas preocupações sobre seu uso.

Tanto é que, após a Segunda Guerra, descreve a Time, ele expressou seu arrependimento ao assinar a carta, dizendo: "Se eu soubesse que os alemães não conseguiriam desenvolver uma bomba atômica, não teria feito nada."

O encontro

Como mostrado por Nolan, Einstein e Oppenheimer eram de fato colegas e amigos na vida real. A dupla se conheceu em 1932 durante a visita de Einstein à CalTech.

Kai Bird e Martin J. Sherwin narram em Oppenheimer: O triunfo e a tragédia do Prometeu americano (Ed. Intrínseca), livro no qual o filme é baseado, que o pai de Oppenheimer, Julius, observava que a dupla costumava ter conversas fugazes em CalTech. Também é notado que suas vidas se entrelaçavam regularmente, com a dupla tendo muitas conversas sobre política e ciência.

Um fato é que, em 1947, eles se tornaram oficialmente colegas no Instituto de Estudos Avançados, onde trabalharam lado a lado até a morte de Einstein em 1955. Apesar de ocasionalmente terem opiniões opostas, Oppenheimer e Einstein eram praticamente amigos.

Uma década após a morte de Einstein, Oppenheimer deu uma palestra na Casa da UNESCO, em Paris, onde refletiu sobre seu relacionamento com Einstein: "Embora eu conhecesse Einstein por duas ou três décadas, foi apenas na última década de sua vida que éramos colegas próximos e algo como amigos".

Na palestra, Oppenheimer também deu sua opinião sobre o envolvimento de Albert Einstein com a bomba atômica: "Einstein é frequentemente culpado, elogiado ou creditado por essas bombas miseráveis. Na minha opinião, não é verdade." A palestra de Oppenheimer intitulada "Sobre Albert Einstein" foi publicada na The New York Review of Books em 1966.

Einstein e Oppenheimer tinham um relacionamento integral que ultrapassava a ciência e seus papéis dentro dela. Conforme explorado no filme, a dupla encontrou familiaridade em sua adoração mútua pela revolução científica e suas lutas com o peso drástico e transformador de suas contribuições.

De certa forma, Einstein age como um espelho para Oppenheimer ao longo do filme — um cientista veterano que suportou o peso de seus erros, passando todas as tochas de sabedoria que pode para o próprio Prometeu. Os dois protagonizam uma das cenas mais marcantes do longa!

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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